sexta-feira, 13 de maio de 2016

[NO PAÍS DOS SONHOS] «Sol de Mi Corazón»

                             «Sol de Mi Corazón», interpretado na guitarra e voz por Paulina Iñiguez



Sonhos sem memória embotaram-me a alma…

Assim falava quando queria designar alguém distraído…  
Avô, que dizia tudo em verso… afinal, estava a comunicar com o autor destas linhas, sem saber: sou seu neto mais novo, ainda não tinha nascido quando o Avô abandonou este vale de lágrimas.
Ele sofreu muito, mas não viu aquilo que veio a seguir. Deus poupou-lhe essa desdita. Ele foi-se embora esperançado no «Homem Novo». Deus foi carinhoso com ele.
Ele dizia «sou ateu, graças a Deus»! Avô és ateu como eu sou Teu… Avô, és um homem do teu tempo: racionalista, mas sem desprezo pelos crentes e respeitando a religião dos outros.
Porém, o Avô estava desligado do universo mental do catolicismo de sacristia. O mesmo se pode dizer de todos os descendentes em linha direta… uma espécie de tradição familiar.
Desculpa! Não estou aqui a falar contigo só para contar umas futilidades! Tenho coisas sérias para te dizer, Avô.
Teu neto, presente pela primeira vez perante o teu espírito… nunca te tinha visto antes, senão em fotos. Agora sei como és, na verdade: afável, atento, com teu olhar penetrante.
Tens o sorriso doce e meigo, mas és capaz de severidade, também. Teu magistério é o de um pai amado e temido!











Foi triste a tua partida, tão cedo deste mundo! O raio da Rickettsia …ou lá como se chama essa bactéria… levou-te em poucos dias!
Tua esposa Júlia, minha Avó, demonstrou – quando contava histórias sobre ti e sobre a família – quanto te amava, como se sentia saudosa, mesmo depois de tantos anos.
Seres amado assim para lá do tempo e da morte… diz tudo!
(Entretanto, chegou-me um muito curioso papel, «Caução 382509001» … no momento em que te ia falar do teu Filho e meu Pai, Luís Manuel. Isto desconcentrou-me, fiquei muito preocupado )
Avô, noutra ocasião, se quiseres, voltarei a falar contigo.




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