sábado, 18 de junho de 2016

CANÇÃO DA ROSA SÚBITA *

[*extraído do livro de poesia «Exercícios Espirituais» edições Mic, Estoril, 1985]



 CANÇÃO DA ROSA SÚBITA
  

Meu amor não precisa de nome
Não se diz nem vende com palavras
Se alevanta com os vendavais
De noite se vai deitar nos trigais
                     Meu amor não precisa de nome

Meu amor escreve-se como «fruta»
Como breve chuva, logo enxuta
Ou lenço regaço, reverb’rado
Em muralha de linho lavrado
                    Meu amor escreve-se como fruta

Meu amor não é uma ideia
Não discute «razões de mercado»
É fluxo e refluxo na barca
Iceberg, vulcão ou pendão ou farpa
                  Meu amor não é uma ideia

Meu amor a todos abre os braços
Num sorriso de asa partida
E, se visto a pele dos sapos,
Desfralda, rindo, os seus farrapos
                  Meu amor a todos abre os braços

Meu amor não tem mestre nem amo
Representa, em farsa ou em drama,
Nos canteiros da praça pública
A dádiva da Rosa Súbita
                   Meu amor não tem mestre nem amo





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