From Comment section in https://www.moonofalabama.org/2024/03/deterrence-by-savagery.html#more

The savagery is a losing card. By playing it the US and the West are undercutting every ideological, normative and institutional modality of legitimacy and influence. It is a sign that they couldn't even win militarily, as Hamas, Ansarallah and Hezbollah have won by surviving and waging strategies of denial and guerilla warfare. Israeli objectives have not been realized, and the US looks more isolated and extreme than ever. It won't be forgotten and there are now alternatives.

segunda-feira, 18 de julho de 2016

RAZÃO MORAL E CONSCIÊNCIA



De que é que serve a nossa razão moral, anos depois de centenas de milhares de mortos?
Isabel do Carmo

Esta reputada médica coloca a questão num artigo de opinião surgido nas páginas do «Público». 
Eu coloco a questão de outro modo.
Se a razão moral é uma medida de alguma coisa, será da nossa impotência. Ou – simetricamente – da força brutal dos poderes do capital, dos governos e dos media, que puderam ignorar completamente o grito moral de muitos milhões de pessoas que se manifestaram, incluindo nos países que seriam – dias depois - agressores nesta guerra criminosa do Iraque.
Esta guerra de 2003 foi antecedida de uma década de sanções crudelíssimas contra as populações civis iraquianas, elas próprias atos de guerra, assim como esporádicos ataques aéreos «preventivos», com devastadoras consequências nas depauperadas infraestruturas do Iraque.
Muitos se recordam da entrevista dada por Madeleine Allbright (da administração Clinton) que respondeu a uma pergunta da entrevistadora sobre se este regime de sanções contra o Iraque se justificava em face de cerca de quinhentas mil mortes de crianças, provocadas pelas condições sanitárias deficientíssimas e carências alimentares, além de outras carências. Ao que a representante da diplomacia dos EUA respondeu que sim, que estas sanções se justificavam.
As pessoas do Ocidente, supostamente educadas, civilizadas, não podem deitar para traz das costas a sua objetiva conivência, com os facínoras, os Blair, os Bush, os Obama e todos os seus acólitos e agentes, incluindo as hierarquias das forças armadas, do comando da NATO, etc. Elas – ao saberem dos crimes de guerra – quando escolheram «ignorar», comportaram-se como se fossem pessoalmente inocentes desses crimes. Na realidade, se elas se consideram livres, logicamente deveriam considerar que livremente elegeram políticos monstruosos capazes de mentira, de crimes contra a humanidade, para se manterem no poder. Ainda maior sua responsabilidade será, no caso de nada terem feito para impedir essas monstruosidades, mesmo depois de denunciadas por organizações e pessoas inteiramente credíveis.
Nem sequer estão totalmente isentas de responsabilidade moral em relação ao terrorismo, perpetrado por pessoas desesperadas pelas devastações que ocorreram nos seus países: Os crimes de guerra efetuados pelas potências nessas terras são uma mancha indelével, uma ferida sangrando nessas zonas do globo.
O cinismo das potências vai ao ponto de levarem a cabo ataques com gases venenosos, causadores de dezenas de mortes, como foi o caso há apenas 3 anos, na Síria, para depois, falsamente, acusarem o presidente desse país, Assad, da responsabilidade deste crime…
A responsabilidade da média corrupta e mercenária é grande ao deitar poeira para os olhos da opinião pública dos diversos países, ditos democráticos, desviando o seu olhar dos comportamentos criminosos dos seus dirigentes, carregando outros, Assad, Putin, Kim Jong Un, etc. com todos os males, diabolizando esses dirigentes, assim como os seus governos e Estados. Ora, se nenhum governo é perfeito, nós sabemos também que não se tolera, num Estado dito de «de Direito», que alguém seja enxovalhado publicamente e sem possibilidade sequer de se defender eficazmente, por crimes que lhes são imputados, mas nunca são minimamente demonstrados.
Este critério, perfeitamente válido e aceite em relação a qualquer cidadão de um dos tais países ditos civilizados, é alegremente ignorado quando se trata de governos «inimigos».
Vale tudo; tudo é aceite para nutrir o medo insuflado numa opinião pública cobarde, infantilizada e disposta a tudo para não ter que se confrontar com a triste realidade da sua inegável decadência moral.
Por esses motivos todos, considero que só são dignos os que resistem, os que dizem não a esta barbárie, especialmente os cidadãos e cidadãs dos países da NATO e outros aliados dos EUA, cujos governos e forças armadas têm contribuído para a destruição da paz e agredido violentamente populações indefesas.
A única defesa contra o terrorismo é depor os governos que direta ou indiretamente o fomentam, se alimentam dele, precisam dele para desencadear as suas campanhas de medo e de ódio.

A NATO, porventura a maior ameaça terrorista que ameaça a paz mundial e a sobrevivência do planeta, deveria ser dissolvida quanto antes e, no imediato, abolida qualquer pretensão de ela ser «polícia mundial».

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