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sábado, 3 de setembro de 2022

J.S. BACH: PRELÚDIO & FUGA E EM LÁ MENOR BWV 543



O Prelúdio e fuga em Lá menor é um exemplo de stylus fantasticus, designação utilizada pelo teórico e crítico musical Matheson. Este estilo é característico das peças de órgão, não diretamente litúrgicas, da Escola do Norte da Europa, principalmente de Dieterich Buxtehude. Este mestre teve a maior influência no jovem Bach, nos seus anos de formação.
Conhecem-se alguns pormenores da visita que J. S. Bach efetuou a Buxtehude. É um episódio bem conhecido da sua biografia. O jovem organista de Muelhausen, para visitar Buxtehude, efetuou uma viagem a pé (centenas de quilómetros!), desde a Alemanha Central, até à cidade portuária do Báltico, Luebeck. Tal era o desejo de aprender com o Mestre da Escola do Norte!
Deparou-se-lhe em Luebeck a possibilidade ficar com o posto de organista da Marienkirche, ocupado por Buxtehude. Porém, nesses tempos, havia que respeitar as tradições. Era costume o candidato ao posto casar com a filha do organista-titular em funções. Esta regra rígida e autoritária, fazia da filha do organista-titular uma espécie de «moeda de troca» para um jovem poder alcançar o posto prestigioso. Se a regra funcionou para outros, tal não aconteceu com Bach: Talvez achasse demasiado feia e antipática a filha do Mestre Buxtehude, ou por qualquer outro motivo.

Bach regressou a Muelhausen sem noiva e sem o lugar de organista da Marienkirche. Ele demorou-se, porém, muito mais do que o tempo que lhe tinha sido autorizado. Apesar disso, Bach não foi despedido e manteve-se em Muelhausen como organista, até conseguir o mais prestigioso lugar de Mestre-de-Capela do Duque de Weimar.

Mas, afinal, a visita a Buxtehude permitiu que Bach assimilasse, deste e doutros mestres do Norte, o exuberante e luminoso estilo, que transparece nas Toccatas, Fantasias e Prelúdios.

O Grande Prelúdio e Fuga BWV 543 é uma magnífica peça no referido estilo!

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PRELÚDIO & FUGA E EM LÁ MENOR BWV 543

MARIE-CLAIRE ALAIN (órgão)

HELÈNE GRIMAUD (piano)




Este prelúdio e fuga BWV 543, é aqui executado por Marie-Claire Alain, da sua integral das obras de Bach para órgão (1980).



Helène Grimaud executa a transcrição para o piano por Franz Liszt, numa gravação memorável, de grande sensibilidade e perfeito domínio técnico, como é habitual na famosa interprete.


terça-feira, 30 de agosto de 2022

J.S. BACH: FANTASIA E FUGA BWV 542

KATJA SAGER & ANASTASIA SEIFETDINOVA: DUAS INTERPRETAÇÕES DA FANTASIA E FUGA BWV 542


A Fantasia e Fuga em Sol Menor de Bach é a peça mais impressionante para o órgão, do Mestre barroco. Eu ouvi, ao longo dos anos, diversas versões da mesma. Porém, a luminosidade e o tempo adequado na interpretação de Katja Sager, dão-lhe uma força e beleza insuperáveis, que me fazem preferir a sua versão a todas as outras.

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Anastasia Seifetdinova, nesta gravação em recital, com seu perfeito domínio técnico e estilístico, permite-nos apreciar a força e delicadeza que emanam da transcrição pianística de F. Liszt da peça para órgão de Bach.





sábado, 6 de agosto de 2022

J. S. BACH: SONATA Nº2 (DÓ MENOR) EM TRIO, PARA ÓRGÃO


Esta sonata é - talvez - a peça para o órgão solo de autoria de Bach, que mais se aproxima da alegria de viver italiana. Foi a música italiana que Bach muito estudou e bem emulou nos seus anos de juventude, enquanto mestre de capela em Weimar e, depois, em Köthen. Neste posto, não podia exercitar música de órgão no «ordinário do culto (missa)», porque o Príncipe era de confissão calvinista, muito estrito quanto à música permitida nos serviços religiosos. Pelo contrário, os calvinistas não tinham objeções ou limitações de qualquer espécie quanto à música fora do culto. Por isso, Bach pôde dar largas à sua maestria e criatividade em música profana para orquestra, para pequenos conjuntos de solistas e também, em peças de órgão sem papel litúrgico. Datam dessa época, as 6 Sonatas em Trio, sucedendo às transcrições para órgão de variados concertos de Vivaldi e doutros músicos do Barroco Italiano, efetuadas na época imediatamente antecedente (anos de Weimar). A síntese dos estilos e tradições da época, a Escola do Norte da Europa, a Escola francesa, a Escola italiana e a Escola da Alemanha do Sul, sobressaem em várias produções para órgão de Bach. Porém, ele tem uma abordagem criativa e pessoal: Assimila os estilos, para os colocar ao serviço dum modo de compor muito próprio. O tratamento da melodia e do contraponto, nestas sonatas em trio para órgão, são exemplo disso. Há poucos compositores, como Bach, cuja assinatura indelével perpassa nas obras para os mais diversos instrumentos e estilos.

Katja Sager é uma organista com um vasto reportório: suas interpretações são notáveis pelo rigor técnico e estilístico. Põem em relevo as belezas de peças para órgão dos compositores desde o renascimento, até ao século XX e contemporâneos.

 
 

sábado, 22 de janeiro de 2022

[Bach e o Número] PASSACAGLIA EM DÓ MENOR

                          



  João Sebastião Bach escreveu este monumento na sua juventude. Não se sabe exatamente quando, mas talvez depois de ter regressado de Lübeck, onde estudou as obras para órgão do muito admirado mestre Buxtehude.
Não se conhece manuscrito autógrafo da obra, mas são conhecidos vários manuscritos da época de Bach.

A Passacaglia possui um compasso de 3/4, típico desta dança. O tema do baixo obstinado possui oito compassos. Embora seja menos vulgar que os quatro compassos do costume, são conhecidos alguns exemplos em obras de contemporâneos. Também é pouco usual um solo de pedaleira no início da peça, não acompanhado. Tais solos de pedaleira também ocorrem, raramente, em toccatas de Buxtehude e doutros organistas da Alemanha do Norte.
A obra contém 20 variações: Se lhes juntarmos o tema, teremos o número 21, ou seja, 7 x 3 .
A Trindade (número 3) está omnipresente, enquanto símbolo numerológico, tal como em muitas outras peças de Bach. No simbolismo cristão, o número 7 também é muito importante: as «Sete últimas palavras de Cristo na Cruz».
A progressão da Passacaglia, com suas sucessivas variações, constrói uma tensão, que atinge um clímax na variação 12. Este clímax é sucedido por variações mais tranquilas, formando um curto intermezzo. Depois, as 5 variações restantes conduzem a peça ao final.
A grande interprete de Bach, Marie-Claire Alain, sugeriu que as 21 variações se podiam agrupar em 7 grupos de 3, cada um destes citando um determinado coral luterano. Isto seria um tratamento semelhante à organização adotada no Örgel-Büchlein, uma recolha de corais para órgão, composta no mesmo período que a Passacaglia:
Compassos 8–12, a voz soprano entoa as notas de abertura do coral "Nun komm' der Heiden Heiland"
Compassos 24–48, a cantilena entoa "Von Gott will ich nicht lassen"
Compassos 49–72, as escalas são uma referência ao "Vom Himmel kam der Engel Schar"
Compassos 72–96, evoca o motivo da «estrela» em "Herr Christ, der Ein'ge Gottes-Sohn"
Compassos 96–120, figura ornamentada semelhante à de "Christ lag in Todesbanden" acompanha o tema no soprano e move-se para o contralto e para o baixo.
Compassos144–168 Os intervalos ascendentes no baixo lembram o coral da Páscoa "Erstanden ist der heil'ge Christ".

Segundo Marie-Claire Alain, as 21 partes do baixo na Passacaglia têm sua correspondência nos 12 momentos de exposição do tema na fuga: 12 é o "simétrico gráfico" de 21.

A fuga:  Na realidade, trata-se de uma fuga dupla, que sucede - sem pausa - à Passacaglia. A 1ª metade do baixo obstinado desta, é usado como motivo n.1 da fuga, enquanto a forma transformada da 2ª metade do mesmo baixo, é usada para motivo n.2. Esta fuga dupla designa-se tecnicamente como «fuga de permutação». 
Do ponto de vista tonal, a fuga também exibe originalidade: Progride para tons maiores (Mi b maior, Si b maior) e aí permanece, durante boa parte da fuga.

NOTA: A interpretação que eu escolhi pareceu -me impecável e permite seguir a composição pela partitura. Creio que a sua leitura, acompanhando a audição,  ajuda a captar a estrutura da peça.










domingo, 2 de janeiro de 2022

[J.S. Bach] SONATAS EM TRIO PARA ÓRGÃO (SIMON PRESTON)



Porque não iniciar um novo ano com as belíssimas peças para órgão de J. S. Bach?

0:00:05 - BWV 525 I. - (Sem Indicação de Tempo) 0:02:48 - BWV 525 II. - Adagio 0:10:35 - BWV 525 III. - Allegro 0:14:14 - BWV 526 I. - Vivace 0:17:45 - BWV 526 II. - Largo 0:21:06 - BWV 526 III. - Allegro 0:25:18 - BWV 527 I. - Andante 0:30:46 - BWV 527 II. - Adagio E Dolce 0:36:46 - BWV 527 III. - Vivace 0:40:49 - BWV 528 I. - Adagio - Vivace 0:43:28 - BWV 528 II. - Andante 0:48:39 - BWV 528 III. - Un Poc'Allegro 0:51:12 - BWV 529 I. - Allegro 0:56:07 - BWV 529 II. - Largo 1:01:16 - BWV 529 III. - Allegro 1:05:09 - BWV 530 I. - Vivace 1:08:55 - BWV 530 II. - Lento 1:14:17 - BWV 530 III. - Allegro

J.S. Bach escreveu as seis sonatas em trio para órgão, para serem tocadas pelo seu filho primogénito Willelm Friedmann. Este, mostrou-se desde cedo cheio de talento. Seu Pai considerava-o mesmo como o mais talentoso dos seus numerosos filhos. 
W. F. Bach (Weimar, 1710 - Berlim, 1784) é conhecido sobretudo enquanto compositor de obras para tecla (sobretudo para o cravo e o pianoforte). Foi um precursor do romantismo musical
Contrariamente ao irmão Carl Philipp Emanuel, não teve uma carreira brilhante. Ele subsistia dando concertos, nos últimos anos de vida. Pobre e crivado de dívidas, tentou - em vão - obter um posto como organista em várias igrejas de Berlim e arredores. 
A sua obra continua a ser pouco conhecida hoje, o que me parece injusto.
 

sexta-feira, 4 de junho de 2021

[J.S. Bach] PEDAL-EXERCITIUM



                           Pedal-Exercitium BWV 598

Gravado em Setembro de 2016 na Igreja de S. Bavo em Haarlem por Matthias Havinga

 Como pode um simples exercício para a pedaleira do órgão ser uma pequena obra-prima? 
- Só Bach poderia conceber algo tão sublime e com tão poucos meios. 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

J.S. BACH E A GLÓRIA DIVINA NA MÚSICA


 Depois de alguma hesitação, decidi-me a passar para aqui e comentar este pedaço da sonata em trio Nº4, na interpretação de Marie-Claire Alain, uma velha conhecida minha, graças à qual pude -literalmente- assimilar a obra completa de Bach para órgão, aos 15 anos. 
Existem vídeos com outras versões, inclusive para clavicórdio (um dos meus instrumentos preferidos!), ou para piano. Mas, inegavelmente, esta peça pertence  - por direito próprio - ao reportório do órgão! 
Tem aquele toque ligeiro, profano, mesmo, de uma dança. Mas isto não pode surpreender alguém familiarizado com o barroco (e com o renascimento). Nesta época, tudo o que pudesse alegrar e elevar a alma era considerado bom para ser executado na igreja, pelo menos, em terras protestantes. 
Conta-se que Lutero respondera, quando lhe fizeram a  objecção de que certas melodias dos corais eram adaptações de peças profanas: «Não vamos fazer a vontade ao Diabo, reservando para ele as mais belas melodias que existem!».

Pois, este segundo andamento da Sonata em Trio em Mi menor de J.S. Bach corresponde exactamente ao estado de espírito acima descrito: O que é agradável, dispõe bem, dá optimismo, deve ser usado para celebrar o culto para glória de Deus.  

domingo, 6 de setembro de 2020

BACH / VIVALDI - concertos para instrumentos de tecla

                 BACH / VIVALDI - concertos para órgão ou cravo

r/ArtHistory - A recently discovered painting believed to be a portrait of composer J.S. Bach as a young man                                      2

1- Retrato recém descoberto, do jovem Bach/ 2- retrato de Vivaldi, gravura da época.      

 Bach mostra aqui o seu génio, pese embora o seu papel de transcritor/ adaptador dos concertos de Vivaldi, outro génio de igual estatura e possuidor de uma gramática musical sui generis, o que permite identificar como «vivaldiana» uma peça, por qualquer apreciador do «pretre rosso».

A antologia seleccionada começa com concertos de Vivaldi, transcritos para cravo solo (Luciano Sgrizzi) . Bach demonstra um enorme bom gosto, não apenas na escolha das composições (a maioria para violino e orquestra) do Mestre Veneziano, como também sabendo aligeirar a textura e «condimentar» a melodia. De tal maneira que temos a sensação de ouvir peças escritas genuinamente para o cravo.

Seguem-se 12 concertos para órgão, transcritos de concertos de Vivaldi (Elena Barshai). Apesar do título do disco, uma das obras é transcrição dum concerto para violino do Duque Johann Ernst de Saxe-Weimar, músico talentoso e aluno de Bach: as transcrições de concertos de Vivaldi, datadas da época em que Bach trabalhou em Weimar, devem-se provavelmente a solicitação do jovem duque ou foram usadas para a educação musical de Johann Ernst.

Os concertos com órgão «obligato» (Roberto Lorefgian ao órgão e «L'Arte del'Arco» sob direcção de Federico Guglielmo), introduzem um Vivaldi pouco conhecido do grande público. Estes concertos incluem algumas obras de qualidade superior, ao nível das melhores de Vivaldi. No que toca ao estilo: na composição com órgão solista, observa-se a completa e total ausência de escrita contrapontística, o que lhe confere um carácter moderno para a época (primeira metade do século XVIII). Com efeito, é somente no período seguinte - no classicismo - que surgem concertos (nomeadamente, concertos para órgão de J. Haydn, de M. Haydn e de Albrechtberger) com órgão solista, onde este desenha linhas melódicas caprichosas e brilhantes.

Por contraste, os concertos para cravo/s solista/s de Bach, embora apresentem vários exemplos de «escrita galante», ao gosto do final da época barroca, são típicos de Bach, pelo seu apego em manter alguma escrita contrapontística, não obstante a escrita melódica ser dominante. Note-se que o célebre concerto para quatro violinos de Vivaldi, foi o modelo para o concerto a quatro cravos. No entanto, a mestria de Bach fez com que as diversas vozes atribuídas aos cravos, soassem naturalmente, ou seja, como se fossem destinadas a instrumento de tecla e não a instrumento de arco.

Embora Vivaldi seja sobretudo celebrado pelas obras para o violino, deixou uma profusão de partituras para orquestra, com todos os instrumentos solistas imagináveis e também o cravoL'Arte dell'Arco» com Nicola Reniero ao cravo e Federico Guglielmo na direcção).

Porém, as pessoas apreciadoras de música dessa época, não tinham ao seu dispor orquestras ou conjuntos de câmara para usufruir de música (só havia orquestras nas cortes dos duques, príncipes e reis, ou de papas e altos membros do clero). Por este motivo, as transcrições para cravo, ou outros instrumentos de tecla, eram comuns. O livro de Ann Dawson de transcrições para cravo (Enrico Baiano, ao cravo) de concertos de Vivaldi, mostra como era popular a música do Veneziano, mesmo depois de sua morte em Viena, em 1741 (na miséria!).

É extraordinário, o efeito da convergência de escrita musical dos dois génios, com temperamentos muito diversos, como foram João Sebastião Bach e António Vivaldi.

Uma das minhas peças preferidas do reportório de Bach, é - sem dúvida - o Concerto Italiano (Scott Ross): Bach escolheu esta peça para o IIº tomo do «Clavier Übung» com intuitos pedagógicos mas, também, consciente de dar à estampa uma obra plenamente digna do seu génio inventivo. Gosto de imaginar que também estava a prestar homenagem a Itália e à sua música sensual, que descobriu na juventude e, nomeadamente, a música de Vivaldi.

sexta-feira, 10 de abril de 2020

J. P. SWEELINCK - «Mein junges Leben hat ein End»

                                         https://www.youtube.com/watch?v=18E6DhWRIS0

O Prof. Börsing interpreta a peça num órgão Noorlander Valotti.

                        


Jan Peterson Sweelinck (1562-1621) é o músico mais conhecido e importante nos Países Baixos, da época do final do Renascimento e dos princípios do Barroco, época designada por Maneirismo.
A sua influência ultrapassou muito as fronteiras do seu país, pois teve como discípulos distintos músicos da Alemanha do Norte e do Centro, assim como de Inglaterra e França. 
O português Manuel Rodrigues Coelho e o castelhano Hernando de Cabezón (filho de António de Cabezón), embora não se possam considerar seus discípulos, têm traços estilísticos, nalgumas peças, que revelam influência do mestre neerlandês.

Esta é uma série de variações sobre a canção que dá título. Neste tipo de peça - tema com variações - o tema, seja ele profano ou sacro, irá sofrer transformações, onde a linha melódica pode ser mais ou menos alterada e ornamentada, fala-se aqui de «glosa» ou de «divisão». Também existem variações que incidem sobre o acompanhamento, a harmonia ou o ritmo. 
As variações são uma importante base para o desenvolvimento histórico da música instrumental, iniciada um século antes da peça aqui apresentada, como se pode verificar pelo reportório ibérico da primeira metade do século XVI: numerosas canções foram transpostas para instrumentos de tecla, vihuela (uma forma de alaúde tipicamente ibérica) ou harpa. 
As variações sobre obras vocais (profanas ou sacras) tornaram-se, assim, parte do reportório específico para os instrumentos de tecla (órgão, clavicórdio, cravo). 
Enquanto a peça polifónica vocal (que fornece a base) é apresentada no início sem «floreados», mais ou menos como era cantada por pequenos conjuntos vocais, as variações vão incidindo sobre vários aspectos, superficiais e/ou estruturais da canção. 
Nesta procura de surpresa e de exibição da habilidade de tanger, desenvolveram-se técnicas e linguagens específicas para os diversos instrumentos de tecla.


segunda-feira, 9 de março de 2020

J. S. BACH: CONCERTO BWV 1052

VERSÃO PARA ÓRGÃO DO CONCERTO PARA CRAVO 




Johann Sebastian Bach (31 March [O.S. 21 March] 1685 – 28 July 1750) was a German composer and musician of the Baroque period. He is known for instrumental compositions such as the Brandenburg Concertos and the Goldberg Variations as well as for vocal music such as the St Matthew Passion and the Mass in B minor. Since the 19th-century Bach Revival he has been generally regarded as one of the greatest composers of all time. 


Harpsichord No. 1 in d minor, BWV 1052 

Arranged from the lost Violin Concerto in D minor, BWV 1052R 

Arranged again for Organ. 

Holograph manuscript, n.d.(ca.1734-38) in Bach's own handwriting 

I. Allegro II. Adagio (8:39) III. Allegro (14:31

Christine Schronsheim, organ and the Neues Bachses Collegium Musicum Leipzig conducted by Max Pommer 

Materials were partly taken from the cantatas Wir müssen durch viel Trübsal, BWV 146 (1726/28) and Ich habe meine Zuversicht, BWV 188 (1728).

domingo, 21 de abril de 2019

MESSE À L'USAGE DES PAROISSES, FRANÇOIS COUPERIN

                                   https://www.youtube.com/watch?v=P0-5e8qNzYk&t=2073s

Na riquíssima produção de música para tecla, há um pequeno número de obras que se têm mantido, ao longo do tempo, como exemplos duma época, duma estética e, mesmo, de referência para o público amante de música antiga. 
Entre este número limitado de obras, figuram as duas missas para órgão:  A missa para as paróquias  (que ouvimos aqui, interpretada por Michel Chapuis no órgão histórico de Saint Maximin, de 1772) e a missa para os conventosAmbas foram editadas num livro de órgão, em 1690, tinha então François Couperin 22 anos, apenas. 

François Couperin pertenceu a uma família de distintos músicos, dos quais seu tio Louis Couperin, cravista e organista, foi o mais célebre; também ele terá sido importante na formação de François, o futuro cravista titular da orquestra de câmara real de Luis XIV.
A influência do seu estilo exerceu-se nos contemporâneos a vários níveis. Para além da popularidade das «ordres» ou suites recolhidas nas «Pièces de Clavecin», destaca-se a importante obra pedagógica «L'Art de Toucher le Clavecin»: ensina como tanger de maneira graciosa, com os ornamentos adequados, o cravo. Este instrumento era o mais comum, nas casas aristocráticas ou burguesas, da época. 
Penso que a cristalização dum barroco tipicamente francês se deu com François Couperin, embora vários outros músicos franceses  da época, tenham produzido obras notáveis.

A sua música de órgão, embora se limite à recolha de 1690, tem uma qualidade excepcional. Esta pode ser considerada uma obra prima, apesar da juventude do seu compositor. 
Com efeito, o conjunto das duas missas para órgão, constitui uma síntese dos traços fundamentais da escola de órgão francesa do século XVII. 
Estas missas para órgão de François Couperin podem ser a porta de entrada para descobrirmos a enorme riqueza da escola francesa de órgão. 

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

CONCERTO PARA 2 VIOLINOS DE VIVALDI E TRANSCRIÇÃO PARA ÓRGÃO DE BACH

        Vivaldi:  Concerto op. 3 nº8 para 2 violinos

                              

J. S. Bach: Concerto para órgão, em Lá menor BWV 593,
baseado em Vivaldi

                    
Simon Preston, orgão

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

CONCERTO DE VIVALDI E TRANSCRIÇÃO PARA ÓRGÃO POR BACH

Oiçam, em primeiro lugar, a interpretação da Akademie für Alte Musik Berlin, do Concerto de Vivaldi...
                       https://www.youtube.com/watch?v=nVGYXFGaLqk



Akademie für Alte Musik Berlin

Concerto para 2 Violinos,Violoncelo, Cordas e Baixo Contínuo em Ré menor Op. 3/11 RV 56

I. Allegro - [Adagio e spiccato] - Allegro - [Adagio] 0:0
I. Largo e spiccato 3:45
III. Allegro 6:10
Este belíssimo concerto de Vivaldi foi um dos que J.S. Bach transcreveu para o órgão solo.

- Ver abaixo, o referido concerto para órgão de Bach, BWV 596, por Köhler:

                              https://www.youtube.com/watch?v=juKolphjfds

                                   

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

BACH-VIVALDI: Concerto para 4 cravos

A fusão da música dos dois mestres do barroco exprime-se no máximo de expressividade e elegância neste concerto para 4 violinos e orquestra de cordas de Vivaldi, transcrito por Bach para quatro cravos e orquestra de cordas, transcrito para órgão solo, por Daniel Maurer. 

Deixo aqui 3 excelentes versões: 
1º de Pascale Mélis ao órgão Cavaillé-Coll de São Clodoaldo de St Cloud (França), 
2º a execução ao vivo do concerto para 4 cravos BWV 1065 em Alberta,
3º, o concerto para 4 violinos (a partitura original) RV 580 de Vivaldi, pelo Giardino Armonico.

Espero que gozem esta música em todo o seu esplendor!









quinta-feira, 9 de agosto de 2018

REPORTÓRIO PARA O CLAVICÓRDIO (SEC.XVI - SEC. XVIII )

Apresento aqui duas excelentes gravações, por interpretes de grande erudição e qualidade musical: S.M. Kastner e M. Thomas. 
Ambas, permitem-nos avaliar a subtileza e versatilidade do clavicórdio.  

O clavicórdio, um instrumento de tecla hoje pouco cultivado  e apreciado, foi o mais popular instrumento de tecla e corda na península Ibérica, até aos finais do século XVIII. Havia uma grande abundância de oficinas de construção de clavicórdios, nesta época. A construção de cravos, pelo contrário, nunca foi muito desenvolvida. Somente as casas mais ricas os possuíam. Eram instrumentos caros, normalmente importados de Itália. 
A Escola de Tecla Ibérica está representada em disco mas, sobretudo, em gravações no órgão ou no cravo. 
Existem poucas gravações no clavicórdio dos compositores portugueses António Carreira e Manuel Rodrigues Coelho, ou dos castelhanos Cabezón e Correa de Araúxo,  como no histórico disco abaixo, com interpretação pelo musicólogo Santiago Macário Kastner.  

                                


A popularidade deste instrumento foi grande, não só na península Ibérica. Houve até uma moda do clavicórdio do Norte da Europa, na segunda metade do século XVIII. 
Muito do que é hoje tido como literatura para cravo, foi realmente composto e executado ao clavicórdio; existem evidências claras disso.
O disco de Michael Thomas apresenta obras de J. S. Bach especialmente adequadas para execução neste instrumento. Sabe-se que Bach possuía vários clavicórdios, um deles com pedaleira. Seu filho, Carl Philip Emmanuelmestre de capela na corte de Frederico da Prússia, foi um excelente compositor e intérprete deste instrumento. Deixou um tratado sobre como interpretar a música de tecla - « Versuch über die wahre Art das Clavier zu Spielen» - cujo conteúdo se aplica perfeitamente ao clavicórdio. 




domingo, 22 de julho de 2018

DIDERICH BUXTEHUDE E O «STYLUS FANTASTICUS»

                                             PRELÚDIO E FUGA EM FÁ# MENOR

A liberdade simulando o improviso é característica desta peça, composta de tal modo que variados temas são expostos em sucessivos momentos. Seria portanto mais exacto falar-se de um políptico musical, cada secção com sonoridades e discursos bem contrastantes. 

No Norte da Europa dos finais do séc. XVII princípios do séc. XVIII, Buxtehude é um grande mestre, mas não está só. Encontram-se perto dele grandes organistas e compositores, tais como Lübeck, N. Bruhns e outros, filiados na grande escola do holandês Sweelinck, que deixou uma profusão de discípulos, tanto nos Países Baixos, como na Alemanha do Norte.  
Na Península Ibérica (Manuel Rodrigues Coelho, Pedro Araújo, Francisco Corrêa de Axaúxo, Joan Cabanilles, etc), na mesma época, o Tento e a Fantasia desempenham o mesmo papel de peças brilhantes e cheias de contrastes. Na Itália (Frescobaldi, Pasquini etc), as peças com esse carácter, costumam designar-se por Fantasia ou Toccata. 
Note-se que existe muito em comum na escrita organística dessa época, porém podem claramente distinguir-se diversas escolas. A factura dos órgãos era completamente distinta nas várias zonas europeias: soavam diferentes, o órgão ibérico, o itálico, o francês, o da Alemanha do Sul ou ainda o da Europa do Norte (incluindo Holanda, Norte da Alemanha e países escandinavos). 
A composição para órgão, além da organaria, reflectia o gosto e temperamento da sociedade e a tradição musical de cada região.