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quarta-feira, 17 de abril de 2024

OPUS VOL.III, 13. O POETA TRANQUILO



Escrevia como se respira

Muitas vezes o vi sentado

Naquela mesa de café

Olhando o vazio

Logo de seguida

Mergulhava num caderno

Onde rabiscava 

Misteriosos signos

Depois, sorvia o café

E ia dar um passeio

Ou recolhia-se em casa

Se o tempo fosse agreste

Não sei o seu nome

Para mim, é «o poeta tranquilo»


domingo, 14 de abril de 2024

OPUS. VOL. III 12. ANTEVISÃO

 

Um tiro no escuro...

E o que restou desse tiro?

Estalido, ruído, tremor, temor?

Quando se alumiou a cena, o que ficou?


- Pois uma estranha peça de caça

Carcaça que estava congelada  

E logo se desembaraçou do gelo

Mas sem miolos, feitos em papa


Ergueu-se à custa dos músculos

E quis esmagar tudo e todos

Mas, acabará em desaire 

Inconsciente do que faz!


Deixá-lo! Já basta de bestas

Esta vai dar muitos socos

No vazio, coices nas paredes

Urrando ferozes ameaças


Mas, nós ficamos a olhar

Sem intervir, certos que ela

Desmiolada vai esgotar

As forças sem proveito


E que assim seja:

Que esmurre o vazio

Pois acabará por soçobrar 

Ante seu próprio peso!


Deixá-lo! Já basta de bestas

Que nos atormentam

É tempo de regressar

À paz, à vida, sem mais dor



 

quinta-feira, 11 de abril de 2024

OPUS. VOL. III 11. PALAVRAS OBSCURAS



 Serão palavras obscuras,

As que eu tenho para te mostrar:


Amei a luz e o calor

Não vi o cortejo

De invejosos atrás de mim

Ofereci meu coração

E afeto, mas a quem

Não sabia dar de volta


Agora estou às voltas

Com o meu passado

Arrependimento?

Só de ter sido ingénuo

Pois amor não é pecado!


Neste mundo onde vivemos

Hipocrisia, cobiça e outros

Sentimentos venenosos

Involucraram-se

Nas massas cerebrais

Dos contemporâneos


Ao ponto de não saberem

Distinguir a realidade

Das suas narrativas 

Auto justificadoras.


Tenho pouca esperança

D'amanhãs que desencantam

Dedico-me a estudar e mergulhar

Na Natureza, ela me ensina


Meu otimismo está na fonte

D'onde a glória cósmica

Emana; nas sociedades

Contemporâneas

Em vão procurei

A fonte de Vida

Procurei longamente

No meio das trevas


Não tenhais ilusões

Procurai o bem e o justo

No interior de vós próprios

Não em discursos elogiosos

Mas no saber de si próprio


Só assim podereis 

Velejar na travessia

Do oceano turbulento.







domingo, 7 de abril de 2024

OPUS. VOL. III 10. VENDAVAL DE ABRIL

 


Onde estão os dias da minha juventude

Em que dançávamos embevecidos pelos sons

Que nos pareciam dizer o que nos ia no coração

Em que as raparigas eram atraentes e prudentes

Para nos darem esperança de namoro somente

As infinitas discussões politicas, as ilusões 

Podeis rir ou desprezar; eu tenho boas recordações

São minhas, são vossas, rapazes e moças desses anos

Não importa que sejais avós, que estejais na reforma

Este período da nossa história coletiva foi

Entre exaltações, ilusões e trambolhões

O tempo único de florescimento

O desabrochar de mil canções

Que nos encheram corações e almas

De esperança

Não será isso o mais importante?

- Aquilo que nos faz viver,

Nos transporta além do nosso ego

- Aquilo que vence a estupidez

A mesquinhez e a cupidez?

Serei sempre adolescente

Na alma, não por passadismo

Mas por escolha, depois de ter

Visto a miséria em que se transformou

 Boa parte dos adultos de hoje:

O seu "ideal" é encaixar no sistema!


Perdoo tudo, menos a covardia 

O não ter coragem de fazer

O que seja preciso, para repor 

A justiça e dignidade no seu entorno

Podem ter muita "competência", etc. mas

 Onde está a vossa decência?

Se quiserdes, podeis viver "com a espinha direita"

É vossa escolha... 

Digo-vos ser bem pior

Viver rastejando e espezinhado. 


- Tudo o resto é bem pouco, indigno

E fracassado, não tenham ilusões:

O "vencer na vida" que eles apregoam

É vencer no concurso

Para escravo abjeto dos Senhores

Se é este  o vosso objetivo, lamento,

Mas não terei qualquer palavra de apreço

Pela vossa entrega ao serviço das bestas

Do momento;  só poderei lamentar.


Os outros que me seguem

Sabem que eu não lhes tento vender

Esta ou aquela ideologia

Apenas que sejam livres, humanos,

Dando e recebendo  amor

O amor verdadeiro que não 

Se vende nem compra

Que pode ter ou não ter

Uma componente física. 

Tem de ser genuíno.


sexta-feira, 29 de março de 2024

OPUS. VOL. III 9. AS AÇÕES TÊM CONSEQUÊNCIAS (*)

 


  Há sempre um depois, isso tens de aceitar 

quer gostes ou não, tuas ações têm consequências

Assim, quando te lamentas de que não «esperavas»

estás a enganar-te pois já sabias que nada é garantido

O que pode uma mente e uma vontade em face

do destino? Pode muito ... mas não lamentar-se

Na tua postura reside o problema; tomas-te 

por outro, imaginas um personagem que não és tu

Mas vem o dia, um certo dia em que o teu sonho

se desmorona; podes tentar construir nova ilusão

ou varreres os escombros e construir algo novo

ou estás sempre a reproduzir os mesmos erros

ou tomas o leme e pões o teu ser noutra rota

A escolha é tua, mesmo que não te agrade escolher

sabes, no fundo, que podes sempre escolher

Embora fazer as escolhas no tempo certo seja o ideal

as oportunidades são mais que as marés

sobretudo para reerguer a tua vida e navegar

As escórias que nos dificultam o caminho

são fáceis de eliminar, só guardar o que tem valor

Os sentimentos e atitudes vitais e comuns 

que permitem potenciar a vida em comum

A vida social, a transação não comercial

entre pessoas chama-se amor

Mas está-se numa época muito contrária

a este simples elemento da vida humana

Só podemos viver a vida em plenitude,

ultrapassando as imposições exteriores

que nós interiorizamos e são muitas!

Reconhecer quais são essas, examiná-las

rejeitando as que nos amesquinham,

aproveitando as que sejam de disciplina

pessoal saudável, selecionando

aquilo que há de bom e suspendendo

o nosso julgamento do que não sabemos

ao certo,  ou com grau de certeza suficiente

sabendo que, se esperarmos, saberemos.

Poderemos deslindar e avaliar o valor

de ações, de juízos, de teorias, etc.

mas, não é possível avançar sem grande trabalho

sobre si próprio. Talvez esse seja o significado

profundo do mito de Sísifo. Ele rolava sempre

a pedra para o cume da montanha

Não foram os Deuses que o condenaram 

a fazer isso e a repeti-lo incansavelmente

Era a lei da vida; de se procurar acumular 

energia potencial, 

que se dissipa, inevitavelmente,

rolando pela encosta abaixo. 

Porém, nada nos pode demover de fazê-lo

ainda assim; porque se trata da lei da vida

e nós queremos estar vivos. Se perdemos 

esta vontade de rolar a pedra encosta acima

então só nos resta nos deitarmos e morrer.

E o dia depois de morrermos, como seremos?

Não haverá energia para «rolar a pedra»

por isso precisa a natureza de fabricar

novos seres vivos, substituindo

os que se foram.

Mas os que se foram deixaram uma obra

ela existe, em torno de nós

e chama-se sociedade, civilização, cultura

Então, este é o verdadeiro potencial,

transcendendo várias gerações. 


Por isso, devemos opor a nossa energia às forças de destruição

de anulação do potencial, construído pelas gerações presentes

e passadas; quem quer destruir tudo, são tresloucados

não se constrói, destruindo! 

Sim, é preciso escavar para construir um edifício, 

mas não se faz senão deslocar terra e rocha de um sítio para o outro! 

A destruição que eu falo é bem pior,

traiçoeiras bombas que eliminam vidas, que as ceifam

a destruição de incontáveis gerações humanas

quer sejam edifícios, quer sejam vidas e todo seu potencial

As destruições que se tem diante dos olhos não são sentidas

verdadeiramente pelos que não estejam debaixo das bombas

A solidariedade real, escasseia: a indiferença e egoísmo

face ao sofrimento alheio é uma destruição do que existe

de humano em nós. Colocam-se as imagens de violência, 

nos écrans das televisões e dos computadores, estão a ser

veiculadas ao nível subliminar como «espetáculo», 

mesmo os corpos mutilados e as cenas de desespero 

perante as câmaras, não são vistas como algo que nos diga respeito,

no mais íntimo. É precisamente neste aspeto, além do imediato

que a guerra (todas as guerras) tem um efeito global destruidor: 

Se a humanidade das pessoas desaparece, fica embotada, elas estão 

transformadas em robots «de carne e  osso», não são seres humanos,

pois deixaram de ter empatia, a capacidade de se colocar na pele do outro.

Tanto para os criminosos como para as suas vítimas, existe o depois:

Depois de feito o abjeto e criminoso ato, ele não será nunca apagado

seja qual for a sentença de tribunais humanos

O espírito universal não será condicionado por isso.

As consequências são incalculáveis para nós, humanos.


(*Inicialmente publicado a 16 de Jan. 2024)

quinta-feira, 21 de março de 2024

OPUS. VOL. III 8. O VEREDICTO



Cada dia que passa, 
Cada hora, cada segundo   
Cada olhar de criança esfomeada 
Cada virar da cara 
Cada cobardia   
Cada fala perjura 
Cada encolher de ombros 
Cada esgar cruel 
Cada justificação do massacre 
Cada utilização da Bíblia 
Cada palavra de ódio 
Cada punição coletiva 
Cada genocida dum povo  

Cada uma das coisas
Que vemos acontecer 
Com o povo palestino
Recai em cima da 
"Civilização ocidental" 
Dos seus lideres políticos 
Governantes, magistrados, 
De toda a pessoa que consente 
Que aprova, que é indiferente  

Recai a condenação 
Do mundo inteiro, 
Agora e no futuro

segunda-feira, 18 de março de 2024

OPUS. VOL. III 7. VIVER É SOFRER

Sabe-se que viver é sofrer
Mas a maior parte das pessoas
Está tão ocupada com a simples sobrevivência
Que não tem possibilidade de filosofar

A vida é sofrimento, sente-se de vários modos:
Com o corpo e com a mente
Em várias circunstâncias
A ausência de sofrimento é assimilado
Ao bem-estar, ao prazer

Mas tal não é assim;
Seria antes o sofrimento
A reinar sobre nós
Como tortura sobre o corpo
E o espírito. 
De vez em quando,
Os sofrimentos materiais e morais
São menos intensos, não desaparecem
Mas podem ser esquecidos
Por instantes.
É nessas ocasiões que nos iludimos
E acreditamos que somos «felizes».

Além disto, quero dizer-vos
Que a ideia de que existem afortunados
Que não sofrem, ou sofrem pouco,
Porque são ricos, poderosos, inteligentes ...
É falsa. Não existe correlação entre o poder
E evitar o sofrimento.

Quem aguenta o sofrimento
e não fica tão traumatizado
Como os outros, tem maior resistência
Ou resiliência, a capacidade de enfrentar
As coisas duras da vida.

Não procuro sofrer. O sofrimento
Não me trouxe paz, trouxe-me
Um início de sabedoria
A vontade de evitar sofrimentos
Inúteis, em mim e nos outros.

Sei que soa a demasiado pouco
Mas, este evitar ou menorizar
Da dor e do sofrimento
É ensinamento de séculos e séculos
Da filosofia e da educação moral





domingo, 3 de março de 2024

OPUS. VOL. III. 5 NA ROCHA DO TEMPO


 Na rocha do tempo contemplo o meu passado

Meço os meus passos pelo ritmo da asa

Que no céu bate até chegar ao destino

Sem o preconceito do homem civilizado

Mas com a certeza da vida e do querer


Na rocha do tempo estou realmente sozinho

Mas o sol também, e tal como o vemos

Ele não se ressente disso e continua

Imperturbável a iluminar o firmamento

Sempre, quer faça chuva ou nevoeiro


Na rocha do tempo me abrigo 

Sei que sou transitório e isso

Isso afinal não me assusta

Quando estou contemplando

O tempo, o tempo que não tem prazo

  

sábado, 2 de março de 2024

OPUS. VOL. III. 4 SÓ O AMOR


 NÃO HÁ NADA QUE POSSA FAZER-ME ESQUECER

O QUE VIVI CONTIGO

SEM TI, O MUNDO SERIA CHATICE

SEM TI, SÓ PODERIA SOBREVIVER 

MAS ESTAREI CONTIGO SEMPRE

DE AGORA EM DIANTE

NEM A MORTE NOS PODE SEPARAR

ASSIM PROCLAMO AOS QUATRO VENTOS

E QUEM NÃO AMA, NÃO SABE


SÓ O AMOR NOS DÁ SABEDORIA

O VERDADEIRO AMOR

NÃO NOS PODE EXTRAVIAR

É LUZ QUE ALUMIA OS TÚNEIS 

DO PASSADO, PRESENTE E FUTURO

E SERÁ ETERNO OU NÃO SERÁ


POIS ELE TRANSCENDE A FINITUDE DO CORPO

ELEVA-SE AO ESPÍRITO ETERNO, UNIVERSAL

O TEU AMOR É QUE ME LIGA AO UNIVERSO

O TEU E O DE MAIS NINGUÉM!

 



quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

OPUS. VOL. III 3. ODOR IRRESISTÍVEL!



 Um odor que tresanda

Mistura de suor, sujidade, sangue, lixívia

E tanto mais forte, quanto as pessoas

Fingem não se aperceber de nada

De pouco serve perfume, desodorizante, ou loção 

É fedor que se escapa de certos corpos

Por mais que disfarcem 

De nada serve toda a técnica de ocultação

Atravessa os salões, insinua-se nos carros

Existem variantes, é certo

Mas, a camuflagem odorífera neles todos

Não disfarça a nota de fundo, o típico

Agridoce de cadáver no início do apodrecimento 

Será fortuito encontro, numa mesa de anatomia,

De pedaços de corpo humano e de animal

Será essa a nutrição de requintes perversos

Mas nem todas as pessoas são assim

É preciso ter o estômago bem resistente 

Esse odor que tresanda, mas encanta

Que ninguém repara, mas todos sentem

Que intoxica, mas que se respira

Material ou imaterial; em metal, papel

Ou digital, é disso que estou a falar:

O  odor do dinheiro


( 02- 14  ANNUS HORRIBILIS 2024)





terça-feira, 9 de janeiro de 2024

OPUS. VOL. III 1. PARA QUE CONSTE

 Hoje, tempo de recordação. Hoje, tempo de ouvir os sons que me consolam na solidão. Hoje, só permito que beleza enforme o meu olhar. Para que conste, não estou a escrever senão pelo prazer de um improviso. Pelo prazer de levantar voo no dorso dum ganso de um conto de infância.


Não assentei quais os pergaminhos que irei recopiar, e os que deixarei apodrecer, nesta memória volúvel do tempo presente. Assim como assim, posso deitar algumas migalhas aos pardais: irão fazer um grande festim. Assim, como assim, tenho estado a apanhar, para mim próprio, alguns frutos do chão. Eles foram-me generosamente deixados pela árvore da vida. Não desprezo o meu sustento.

Há certas músicas que têm o condão de me pôr a delirar, de mansinho, como em sonho. Tenho-as na memória gravadas: irrompem subitamente, não solicitadas, movidas pela sua própria vida. Quando tal me acontece, eu aceito-as, naturalmente. Oiço o que me oferecem: um baile, um concerto ou uma serenata. Só preciso escutá-las, em silêncio; de prestar atenção; desenrolam-se reverberando na abóbada craniana; não há mais ninguém que as oiça, senão eu.

[Ao pé de mim, serenamente dormindo uma soneca, a minha cadela Oni.]

Eu disse que hoje só permitia que a beleza penetrasse no meu interior. As coisas belas são harmoniosas por dentro, quer sejam inertes ou vivas. A Natureza é sempre bela.

O bonito não é o belo. Diferencio sobretudo com a força que vem de dentro: se for belo, sente-se essa força. Mas o «bonito» é apenas o superficial: um boneco de peluche, ou um cãozinho de colo mimado e com lacinhos.

Há um olhar não trivial, para além das aparências: Um olhar que não julga, que não tece sentenças. Um olhar de pintor; de observador da Natureza e dos homens. Procuro exercitar este olhar interior sobre o que vejo. Sei que ainda estou muito longe da perfeição!

A perfeição desta Suite para o alaúde de J.S. Bach exerce em mim uma espécie de hipnose, enquanto estou a escrever o que me vem à mente. O sentido do que escrevo não está relacionado com a música. Porém, a forma como trabalho é diferente com música suave e serena. Ajuda-me a fazer subir à superfície a energia interior.

Não é música que embriague os sentidos, música com um marcado ritmo, com instrumentos de percussão, etc. A música «virada para fora» pode ser de excelente qualidade, mas - pelo menos no meu caso - distrai-me, impede-me de me concentrar plenamente do que quero exprimir.

Existem tantas categorias de música, quantas se quiser: afinal, é uma questão de classificação. Como música para acompanhar o trabalho físico, música «virada para fora»; para acompanhar o trabalho intelectual, «música reflexiva», meditativa.

Murtal, Parede, a 9 de  Janeiro de 2024

segunda-feira, 18 de dezembro de 2023

SALMOS PARA O SOLSTÍCIO DE INVERNO [OBRAS DE MANUEL BANET]

[Foto abaixo, do artigo de Jonathan Cook: https://consortiumnews.com/2023/12/14/west-fears-atrocity-upsurge-while-ignoring-gaza/ ]


É MUITO PERIGOSO PROVOCÁ-LO;

SUAS IMPRECAÇÕES ECOAM NO TEMPO

SAIBAM QUE SALADINO ESTÁ VIGILANTE

COM ALÁ E TODA A IRMANDADE.


SERÁ DO RIO ATÉ AO MAR

QUE SE TINGIRÃO AS TERRAS 

DE SANGUE JUDEU, ÁRABE, BERBER 

TERRAS ONDE HÁ DOIS MILÉNIOS

NASCEU O NOSSO SALVADOR


(SIM, O NOSSO SALVADOR:

PARA OS «CAVALEIROS» 

OLIGARCAS DE HOJE,

 É TIDO COMO RELIGIÃO 

DE POVOS ATRASADOS, 

LÁ DA IDADE MÉDIA)

 

SÓ SEGUEM O DEUS DÓLAR 

O DEUS DOS BANQUEIROS

TUDO O RESTO, VARRIDO:

HUMANISMO, VARRIDO

COMPAIXÃO, VARRIDA

VIRTUDE, VARRIDA

HONRA, VARRIDA

LEALDADE, VARRIDA

SE ALGUMA FÉ TIVEREM

ELA TEM COMO DEUS,  BELZEBU.


(NÃO CREIO QUE SEJA LÚCIFER, 

O PORTADOR DA LUZ: 

COSTUMAM CONFUNDIR TUDO 

E TROCAR OS NOMES. 

EU NÃO ACREDITO, 

PORQUE OS QUE HOJE TRIUNFAM,

 SÃO PORTADORES DE TREVAS, 

NÃO DE LUZ.)


ESTAMOS REALMENTE 

NO CORAÇÃO DAS TREVAS

HOLOCAUSTO BRUTAL,  ABSURDO

SOFRIMENTOS INFINITOS

DE INOCENTES, SACRIFICADOS 

PELOS CRIMES DE SEUS EXECUTORES


PARA OS GENOCIDAS SACRIFICADORES

DE CRIANÇAS, NÃO  HAVERÁ PERDÃO;

QUALQUER QUE SEJA A RELIGIÃO

  É PORTADORA DE PADRÃO ELEVADO

 DE JUSTIÇA, DE NOBREZA DO CORAÇÃO

NÃO HÁ RELIGIÃO OU ÉTICA

EM TUDO O QUE É FEITO

PELO DINHEIRO,

PELO OURO NEGRO,

PELO PODER DESPÓTICO

SOBRE OS OUTROS


(O NATAL DE HOJE, 

ESTÁ  CONFINADO 

AOS CRISTÃOS DO LEVANTE 

QUE SOFREM NA INDIFERENÇA 

 DOS PAÍSES «CRISTÃOS» 

RICOS E CORRUPTOS)


OS CRISTÃOS DA SÍRIA, DO EGIPTO,

DA PALESTINA, INCLUINDO ISRAEL

DA TURQUIA, DA JORDÂNIA, DO IRAQUE

VIVEM COMO BONS VIZINHOS COM MUÇULMANOS

INFELIZMENTE, VIERAM FALSOS CRISTÃOS

OS VERDADEIROS APÓSTATAS,

 PARA ESMAGAR, VIOLAR, DESMEMBRAR

E INCENDIAR SUAS TERRAS E CIDADES

JAMAIS HAVERÁ PERDÃO, NO MEU ESPÍRITO,

PARA O MAL QUE FIZERAM OS FALSOS CRISTÃOS.


ELES, QUE SE DIZEM CRISTÃOS E FAZEM

O CONTRÁRIO DO QUE JESUS PREGOU 

SÃO OS MAIORES INIMIGOS DA RELIGIÃO,

DEUS LHES PERDOE, SE ESTE FOR O SEU DESEJO,

MAS EU PREFIRO ESTAR DO LADO DA RAZÃO

DA JUSTIÇA, DA BONDADE, DA HUMANIDADE


O MEU NATAL É DE DOR E TRISTEZA,

SÓ HOMENS E MULHERES

DE CORAÇÃO AUTÊNTICO, ME ALUMIAM!

OS HIPÓCRITAS, POR MAIS LUZES QUE

ACENDAM EM SEUS LARES E IGREJAS

ESTÃO MERGULHADOS NAS TREVAS.

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NB: Poesias publicadas neste blog desde 2022

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/poesias-de-manuel-banet-desde-2022.html

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

QUASE PÓSTUMO [OBRAS DE MANUEL BANET]

 


Quase póstumo

Ainda assim querendo ser

Ingénuo outra vez nascer

Em segredo olhando

Crepúsculos de madrugada

E ventos cantando

 ao ouvido aquela

Canção antiga

 Não sei a letra

 Mas fala de sereias

E de sementes

Reminiscências

De quando fui

Noturno corujando 

Em diálogo com

Filtradores de orvalho


Mas não era eu

Afinal, tempo sonhado

Ou vida imaginada

Se foi tudo um filme

Não sei, podia sê-lo 

Ser outra história

Às vezes cómica

Ou triste

 Ou irónica

Ou trágica

Ou banal

E tudo...


O cintilar de prata à superfície do rio que flui para o mar

É efémero; eu sei

Mas o olhar, esse, é eterno

Se te concentrares e fixares

O instante como eternidade

Como universo parando para deixar

O instante ser na sua plenitude

Sem nada que o estorve

Sem outro modo de ser 

Senão o ser em si mesmo


Compreenda isto quem puder


Vamos remando num universo sem limites 

Mas cíclico e nossa insignificância

É eternidade

O ser é eterno deixa a sua marca

Não desaparece, transforma-se


Entenda isto quem puder


Eu apenas reflito o saber

Como o espelho reflete a luz

Nada  misterioso, o espelho 




sexta-feira, 10 de novembro de 2023

A BESTA ENRAIVECIDA [OBRAS DE MANUEL BANET]


 

UM POEMA DIDÁTICO

A Besta não é racional; pode morrer, mas mata primeiro

A Besta não distingue o bem do mal; é insaciável

A Besta tem fragilidades; e não é sermos destemidos

É cortar-se a energia, o financiamento e o crédito 

Assim, cozerá no seu próprio sangue enraivecido

Pode escoucear, mas a cada gesto mais se esgota

Ninguém precisa da Besta; antes pelo contrário

Ela precisa de todos nós; vive do nosso suor

Resgatar um mundo humano: basta querer

Cortem todo o contacto, boicotem todas as relações

Cancelem negócios; o que perdem, depois ganharão 

Outra Terra se construirá, sem Bestas desumanas

Ela é como a Hidra, mas afinal tem um número

Finito de cabeças; enquanto elas espalham fogo

Fiquemos abrigados; quando ele se esgotar

O seu grande corpo mole será impotente


Ela tem a astúcia de pôr uns contra os outros

Agora, o jogo está tão à vista,  ninguém cai

Quando dá uma dentada, morde sua cauda

Esbraceja no ar como um abutre despenado

Grita impropérios e obscenidades 

Enquanto martiriza incontáveis inocentes

Mas o veneno espalha-se no próprio corpo

E abafa, na Besta, os pulmões e o coração 

Que em breve seja o seu momento final

A esperança e o alívio dos justos   







segunda-feira, 30 de outubro de 2023

O SOL [OBRAS DE MANUEL BANET]



 Ele não bate à  janela

Introduz-se no quarto, 

Sem cerimónias

Visitante não convidado

Não furtivo, pelo contrário,

O atrevido ilumina tudo

Com seus raios dourados

Muda cenários sombrios

E mesmo a melancolia

É sacudida pela luz irisada

Que suavemente escoa

Dos vidros reflexivos.

Ao Sol, a matéria sublima-se

Transmuta-se e explode

Em cores triunfantes

Anulando as sombras

E os pesadelos

Da minha mente.


sábado, 14 de outubro de 2023

REFÚGIO PRECISA-SE [OBRAS DE MANUEL BANET]

  

Perante a desrazão, a fúria destruidora

Tem de haver algo que contrarie a insanidade

Um antídoto contra a estupidez e crueldade

Um refúgio que acolha sem preconceito


Todas as almas doridas, seja qual for sua origem

Seja qual for seu pensamento, religioso ou não

Um abrigo que não questione a nação, a etnia

De cada pessoa que aí chegue e nele se recolha


Eu veria este lugar como um santuário de paz

Talvez situado em vários locais no Mundo

Não seriam somente físicos, tais refúgios

Mas locais de espiritualidade aberta


Apelo a quem tenha vocação verdadeira

Para ajudar na cura dos seus semelhantes

Não sei se já existem locais assim, mas sei

Que há urgência em construir estes refúgios



segunda-feira, 2 de outubro de 2023

AS PALAVRAS [OBRAS DE MANUEL BANET]




 A palavra ciciada ao ouvido do amor nascente

A palavra gutural num soluço de ódio demente 


A palavra altaneira, de vazio cheia como vento

A palavra medida, calculando pelo sustento 


A palavra jocosa, saída de lábio sorridente

A palavra erudita, que revela o ignorante


A palavra bolsada com raiva e desespero

A palavra mão estendida em franca amizade


A palavra cozinhada com subtil tempero

A palavra esquecida em provecta idade


As palavras são tão diversas como as gentes

Traiçoeiras ou puras, radiosas ou cinzentas


Quem só sabe palavras, de vida pouco sabe

Viver, não é lição escolar que se aprenda





sábado, 16 de setembro de 2023

CÉUS DE OUTONO [OBRAS DE MANUEL BANET]

 


Quando o frio e as primeiras chuvas

Esvaziam os locais de veraneio

Quando os matizes de cinzento 

Se desfraldam nos céus

É nessa ocasião que passeio

A minha melancolia

Contando as gaivotas

Que na praia se aquecem





Os céus sempre mutáveis

Exibem o portentoso fresco

Que nenhuma mão humana

Pode representar com pincéis

E cores numa imensa tela





Quando o Sol se põe

Iluminam-se breves os flocos

D' algodão das nuvens,

Espetáculo grandiloquente

Onde os azuis e os roxos,

Os rosa e os laranja 

Se casam em apoteose

Serena e lânguida 





Em breve, o pano de veludo 

polvilhado de luzes

 Recobre o oceano e as falésias

Cenário dum novo drama

E a noite entra em cena

domingo, 9 de julho de 2023

RENUNCIEI A LER O REAL [OBRAS DE MANUEL BANET]

                       Foto: Diante da tela «Isto não é um cachimbo» de R. Magritte
 

Renunciei a ler o real com as lentes deformantes dos media

Mas leio todos os dias o meu jornal feito de pássaros e de formigas

Nos jardins e nas ruas do meu bairro


Renunciei a compreender os humanos como entes racionais

Mais racional é a onda no mar, ou o trovão no céu


Renunciei a encontrar as razões dos políticos

Como, de qualquer maneira, são sempre discursos

Para enganar o eleitor, nada se pode extrair deles


Mas, um animal não finge, nem esconde

Só exprime o que sente; como a criança pequena


Afinal não renunciei a ler o real, devo autocorrigir

Porque o real é isso mesmo que leio; as produções

Dos humanos são apenas poluição de que nunca se fala  

Muito perniciosa: a poluição mental


Ela a todos enjaula, tritura e embrutece

Só se mantêm livres os poetas, uns tipos estranhos

Mas, afinal sábios, prudentes, humanistas


[Eu a ninguém aconselho: quem quiser que escolha

Não despreze este escrito, pois pode ter mais sumo

Do que parece, à primeira vista.]