From Comment section in https://www.moonofalabama.org/2024/03/deterrence-by-savagery.html#more

The savagery is a losing card. By playing it the US and the West are undercutting every ideological, normative and institutional modality of legitimacy and influence. It is a sign that they couldn't even win militarily, as Hamas, Ansarallah and Hezbollah have won by surviving and waging strategies of denial and guerilla warfare. Israeli objectives have not been realized, and the US looks more isolated and extreme than ever. It won't be forgotten and there are now alternatives.
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sábado, 17 de setembro de 2022

A GRANDE ARMADILHA DA FINANÇA

                       A armadilha da finança, com computador e isco de dólares gratuitos 


Quando estamos a presenciar, nas bolsas, um movimento em alta (mercado altista ou «bull market»), na realidade, estamos a presenciar um movimento de descida do dólar e das restantes divisas ocidentais. O paradoxo é fácil de explicar: Sabemos que o dinheiro «fiat», não é mais do que crédito, do que dívida. Essa dívida é tanto mais procurada quanto os países emissores da referida dívida sejam considerados seguros, no que respeita a assumirem os seus compromissos. Ora, ninguém pode ignorar que os EUA e Europa estão a viver, há muito tempo, numa bolha artificial causada pelos respetivos bancos centrais. O volume da dívida é avassalador e, essencialmente, incobrável: Considera-se ser incobrável, quando atinge valores da ordem de 100% do PIB. Hoje, no Ocidente, existem vários Estados endividados a 130% ou mais do PIB. As obrigações soberanas de ambos os lados do Atlântico têm de subir, pois há cada vez menos investidores (são sobretudo institucionais: bancos, fundos de pensões, hedge funds) que desejem tomar essa dívida dos Estados. Os Estados têm pois que subir os juros oferecidos, sem o que não conseguirão compradores para sua dívida.

                                       

Não é a quantidade irrisória do aumento da taxa de juro de referência da FED (ou do ECB) que vai mudar algo substancial. Na realidade, o aumento dos juros de referência dos bancos centrais segue sempre a tendência altista dos juros no mercado geral de obrigações (que inclui as obrigações de empresas).
Estamos perante um dilema impossível de resolução. Porque, sendo a dívida pública (e privada) tão elevada, havendo obrigação de inscrever nas contas públicas dos Estados os juros das obrigações que emitiram, é evidente que se chegou ao ponto onde já não se pode manter esta situação com o simples «renovo» («roulement») da dívida, ou seja, pagar dívidas que chegam a termo, com empréstimos frescamente obtidos.
Existe uma acumulação de dívida. Ela vai subindo de forma praticamente contínua, dada a degradação da situação económica em geral (crise devida à desindustrialização no Ocidente). Além disso, há circunstâncias particulares (crise do COVID, guerra na Ucrânia e as sanções contra a Rússia) que surgem, fazendo com que os governos despejem a rodos mais e mais euros ou dólares. Com isso, estão a adiar, no melhor dos casos (e podem até apressar), o colapso inscrito não «nos astros», mas nos factos económicos puros e duros. Nunca uma crise da dívida poderá ser resolvida com a acumulação de mais dívida.
Se o valor de uma moeda é realmente correspondente àquilo que uma determinada unidade dessa mesma moeda consegue comprar, então o dólar e todas as moedas «fiat» existentes têm perdido valor. A inflação não deve ser vista como fenómeno de «aumento dos preços» das mercadorias, mas como perda da capacidade aquisitiva da divisa. Assim, os que têm um rendimento fixo - sejam assalariados, ou pensionistas - vão perdendo o seu poder de compra de maneira acelerada, pois - geralmente - não possuem suficiente força para obrigar os patrões a fazer os ajustamentos devidos aos montantes de seus salários e pensões. Mas, para o Estado e para os grandes capitalistas que são, em geral, grandes devedores, a inflação é uma benesse pois, graças a ela, o que realmente terão de pagar, quer em juros, quer o montante próprio da dívida, vai representar cada vez menos em valor real, até se tornar irrisório.
Em todos os casos, as divisas fiat vão sempre diminuindo de valor: umas vezes, de modo suave e dificilmente quantificável e outras, de modo brusco, aquando de crises económicas (como agora).
Mas, no Ocidente, a classe política e os governos estão exclusivamente interessados no curto prazo. Eles fazem o raciocínio seguinte:
- os eleitores têm de estar contentes e satisfeitos no curto prazo;
- assim, irão votar em nós e manter-nos no poder nas próximas eleições;
- no curto prazo, a injeção de dinheiro na «economia» (= nos bancos e nas bolsas) irá criar uma «sensação de crescimento»;
- o estado real da economia deve ser camuflado, para evitar o descontentamento popular;
- os défices das contas públicas vão-se aprofundando, mas a dívida só será paga pelas gerações futuras, quando nós tivermos morrido, ou quando estivermos reformados.
A «economia da dívida» gera um enorme travão ao crescimento autêntico e induz à estagnação, porque implica  um desinvestimento no que seja inovador e produtivo. O que os Estados têm feito, essencialmente, é uma gestão cosmética das finanças, para poderem agradar aos eleitores. Claro que isto também agrada muito aos grandes capitalistas financeiros, que sabem obter vantagens da situação, mesmo quando se lamentam na comunicação social.
Assim, entrámos num período de «stagflation» (inflação com estagnação), ou seja, temos o pior dos dois mundos. Porém, esta situação não se irá manter por muito tempo. É praticamente uma certeza, que se irá entrar - não a longo prazo - numa espiral hiperinflacionária.
A situação da economia mundial é não previsível, no curto prazo; mas, nas suas grandes linhas, há coisas que são certas. Considera a seguinte metáfora: Não há maneira de sabermos exatamente o trajeto duma bola, quando atirada ao ar; mas, todos os trajetos possíveis estão condicionados pela gravidade e, portanto, sabemos que a bola irá acabar por cair no chão.
O mundo financeiro não é nada sem a economia real. A finança é uma espécie de parasita da economia real e consegue sugar muita energia e produtividade, causando prejuízo à sociedade, em geral, aos que trabalham, que investem o seu esforço e criatividade.
Porém, as pessoas são atraídas para o casino das bolsas, para o lucro sem esforço e sem contribuir com algo (além do dinheiro, que é somente um símbolo). Como todo o mundo da finança, as bolsas, as atividades especulativas, não criam - em si mesmas - nem «um grama de valor».
Então, de onde vêm os grandes lucros gerados? Eles têm de vir de algum lado: por um lado, foram arrancados a muitos ingénuos que foram atraídos pelo casino bolsista e ficaram depenados. Mas, a maior quantidade de valor foi desviada, roubada do nosso bolso e sob os nossos olhos:
- Desde as isenções fiscais aos muito ricos e às grandes empresas, até às «privatizações», ou seja, o roubo organizado ao património das empresas públicas, pago durante gerações com os nossos impostos. As «joias da coroa» do setor público, são empresas do Estado, que dão lucro garantido ou que, potencialmente, poderão fazê-lo.
O Estado fica com as empresas não rentáveis. Mesmo o governo mais favorável aos interesses privados aceita isto. Compreende que é essencial manter a funcionar esses serviços, para a própria sobrevivência da sociedade e do Estado. O interesse dos capitalistas numa privatização deste tipo de empresa estatal é muito baixo: Só pode ser estimulado com a garantia de benesses constantes, da parte do Estado, que assim torna «rentáveis», empresas que não têm, ou deixaram de ter rentabilidade. Pense-se no caso dos caminhos-de-ferro: A rede ferroviária, pouco ou nada rentável, é dificilmente privatizável. Mesmo quando há privatização, é frequente ser parcial. Os carris continuam a pertencer a uma empresa estatal, enquanto os comboios, incluindo os de alta velocidade, são privados ou pertencem a parcerias público-privadas.
Mas, para voltar ao tema deste artigo: A finança está interessada em extrair valores seguros de empresas dos setores industriais, estatais, ou do imobiliário*. Ela sabe quais são os investimentos que terão um bom valor, após o «Reset», ou seja, após a queda programada das moedas que conhecemos, a sua colocação fora de circulação e a instauração da moeda digital sob controlo dos bancos centrais.
Para se capitalizar ao máximo, a alta finança tem atraído os capitais pertencentes a pessoas da classe média, que irão perder o seu património, com a vã esperança de se tornarem «ricas». O jogo é portanto de predação, só que esta não se traduz em guerras diretas (até agora...) entre imperialistas; haverá, quanto muito, guerras por procuração. Sob capa da crise financeira e das outras crises, trata-se duma guerra aos pobres: «Não terás nada e serás feliz». Mas, o que Klaus Schwab e seus epígonos não nos dizem, é que os super-ricos, caso triunfe o tal «Great Reset», irão ficar com tudo. Tendo em conta esta tomada de controlo económica, pode-se facilmente prever quais os seus reflexos políticos: Seria o advento dum totalitarismo planetário.
Felizmente, o fiasco do neoliberalismo** é cada vez mais notório; não consegue mobilizar o entusiasmo dos povos. Mas, como os muito ricos malthusianos têm grande poder de influência, graças à media e aos governos (que eles compraram), não se deve «baixar a guarda», mas expor o mais possível as manobras desta oligarquia para que ela fique cada vez mais isolada.

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(*) Não é por acaso que os fundos financeiros Blackrock e Vanguard (gigantes mundiais) se tornaram nos maiores proprietários de imobiliário para arrendamento, nos EUA. Nem que Bill Gates se tenha (recentemente) transformado no maior proprietário de terrenos agrícolas nos EUA. 
(**) O lema do neoliberalismo é o seguinte: «privatização dos lucros, socialização dos prejuízos» 

quinta-feira, 16 de junho de 2022

RECESSÃO, FALÊNCIAS, DESEMPREGO, DESTRUIÇÃO DE CAPITAL & INFLAÇÃO

                                                    
                                    «Segundo Biden, os EUA são a economia que mais cresce no Mundo» 

Algumas datas relevantes na economia capitalista:

   
    Foto: 1929: 3ª-feira negra, Wall-Street


1929: Na Segunda-feira Negra de 28 de Outubro, o índice Dow desceu cerca de 13 %. Na sessão seguinte, Terça-feira Negra, o mercado desceu quase 12 %. Em meados de Novembro, o índice Dow tinha perdido cerca de metade do seu valor.

1987: Segunda-feira Negra é também o nome que costuma ser dado à queda global, súbita e muito inesperada do mercado de ações a 19 de Outubro de 1987.

2022: Este ano traz-nos outra Segunda-feira Negra, a 13 de Junho, em que as ações dos EUA, caíram logo na abertura da sessão, enquanto a economia continua sofrendo uma inflação elevada, conforme os relatórios, e quando a FED (Reserva Federal Americana, o banco central dos EUA) projeta uma subida das taxas de juro de referência, avivando os receios de uma recessão.
O mercado de cripto-moedas sofreu uma descida de sua capitalização global de cerca de 12% na Segunda-feira, descendo para apenas 980 milhares de milhões de dólares, após o fornecedor de cripto-moedas "Celsius", ter revelado na véspera (Domingo), que suspendia as transações, os levantamentos e as transferências da plataforma, citando «condições extremas de mercado». O setor sofreu perdas - desde seu  máximo, alcançado em Novembro de 2021 - de mais de 2 triliões de dólares.
Os mercados de ações dos EUA e da Europa foram ao tapete, enquanto o risco nos mercados da China também aumentou.

O mercado de ações é apenas uma fração da economia financeira. Os derivados, os mercados de câmbio, as obrigações soberanas e as de empresas, tudo isso está em colapso, perante uma inflação que se revela em toda a sua dimensão ameaçadora. Porém, as pessoas bem informadas sabiam já há muito tempo que vinha a caminho. Infelizmente, no meio dum colapso geral, há pessoas que  «acreditam no Pai Natal», pois querem entrar agora nos mercados financeiros, ouvindo vozes de sereias, que lhes dizem: «Aproveite, agora que o mercado está em quebra: poderá realizar enormes mais-valias!». O jogo da bolsa é um jogo de soma zero; quando alguém ganha, um outro (ou outros) perde(m). As bolsas são casinos; não há a mínima seriedade: Os vencedores, são os que estão «por dentro». São gerentes ou grandes acionistas dos bancos sistémicos, das grandes empresas transnacionais, etc. Os que possuem indicações confidenciais sobre as decisões das corporações e dos governos. Se não pertences ao muito restrito clube dos multimilionários, não estás «por dentro». Se te pões a jogar nesse casino, o mais certo é ficares depenado.

PS1: Alasdair Mcleod dá-nos a leitura aprofundada do colapso em curso, na finança mundial.  https://www.goldmoney.com/research/a-perfect-storm-in-banking-is-brewing

PS2: A economia dos países europeus da NATO tem sido sacrificada, intencionalmente, para satisfazer a vontade de hegemonia dos EUA, a pretexto de «defender» a Ucrânia. Só imbecis, ou pessoas inteiramente sujeitas a lavagem ao cérebro, podem estar convictas nesta fase, de que as intenções da NATO/EUA eram de salvaguardar a Ucrânia e a Europa de uma «ameaça» russa. Pelo contrário, aquilo a que se assistiu foi um acirrar do conflito até ao ponto de que a Rússia decidiu invadir a Ucrânia, perante a ameaça de armamento nuclear às suas portas e de laboratórios desenvolvendo armas biológicas: https://www.moonofalabama.org/2022/06/ukraine-the-us-is-on-the-road-towards-escalation.html#more O resultado para a Europa e sobretudo para os países pobres é catastrófico. Desde o princípio, avisei para o que estava realmente em jogo.

terça-feira, 17 de maio de 2022

DINHEIRO DIGITAL, INFLAÇÃO E OS MITOS ECONÓMICOS DO PRESENTE





Segundo Alasdair Mcleod, não existe nada mais difícil de explicar em economia, do que a subida dos preços. Vale a pena ler o seu artigo. Não irei repeti-lo ou resumi-lo, neste apontamento.

Apenas quero manifestar o meu estranhamento pela forma despreocupada como muitos cidadãos estão olhando para a presente vaga de inflação. 
Todos deveriam saber (mas não sabem) que a inflação é - em última análise - um fenómeno monetário. Ou seja, está correlacionada com a quantidade «excessiva» de moeda (papel/digital) em circulação dentro de um país e no mercado internacional. Essa massa monetária «anda à procura» de se investir em bens de consumo ou em ativos financeiros. A parte entesourada pode aumentar também (o dinheiro líquido, ou «cash») mas, este efeito não acontece em grande escala, no contexto atual. 
As pessoas são fortemente empurradas para investirem suas poupanças, quer em ações ou obrigações, quer em índices ETFs, como se estes ativos financeiros tivessem a propriedade «mágica» de superar crises e de serem capazes de conservar o seu valor, quando tudo estiver a ruir à sua volta. Não conseguem. 
O que acontece, é retornarem ao seu valor intrínseco, ou próximo dele: o valor do papel-moeda, nesta situação é zero, ou próximo de zero. Assim é com todos os ativos avaliados em termos de moedas «fiat».

 A única possibilidade de escapar ao efeito triturador da inflação sobre os ativos, é convertê-los em bens cuja existência seja independente dos acasos da finança especulativa: os terrenos, o imobiliário, os metais preciosos, os objetos de arte e coleção. 
Todos os outros estão sujeitos a que seu valor se reduza a zero. De que serve ser-se «trilionário» em dólares do Zimbabwé, se isto significa ter a capacidade aquisitiva para comprar três ovos de galinha?

A mudança em curso é desejada pelos bancos centrais. Não pensem que eles estão a fazer as coisas pelo melhor, mas que são «desastrados» ou «estúpidos» e sai-lhes tudo ao contrário! 
- Não, quem pensa assim é que está a ser estúpido! 
- Se analisarmos informação pública vinda do BIS (Banco Central dos Bancos Centrais), dos Bancos centrais principais (FED, BCE, Bank of England, PBC, etc.) e de governos, vemos claramente que estão numa corrida para DESTRUIR O VALOR DAS SUAS RESPECTIVAS DIVISAS. Isto parece absurdo, à primeira vista. Mas o contexto é tudo; é que se acumulou dívida, toda a espécie de dívida - pública, privada, corporativa, soberana, etc.
Estão desesperados por encontrar uma saída para esta dívida monstruosa, que já começa seriamente a afetar os seus negócios e portanto a sua taxa de acumulação. Encontraram a digitalização do dinheiro a 100 %, como fórmula mágica, que irá fazer «desaparecer» o problema. Na teoria, essa dívida nunca desaparece; mas na prática sim, porque quem não tiver capacidade para pressionar o sistema judicial e político, para reaver o que lhe devem, ficará espoliado, na prática. 

Por isso, fazem tudo para tornarem inadiável, impossível de evitar, a tal introdução das DIVISAS DIGITAIS EMITIDAS PELOS BANCOS CENTRAIS. Esta é a razão pela qual a oligarquia está freneticamente comprando terrenos, casas, bens diversos e ouro, muito ouro; porque ela sabe perfeitamente o risco de manter o grosso da sua fortuna em papéis sujeitos a especulação. 
Sabe perfeitamente que apenas se deve atribuir pequena fração dos ativos a investimentos muito arriscados. Nestes, também se inclui o bitcoin e todas as criptomoedas emitidas fora do controlo dos Estados. 
Isto porque, no momento que os governos e bancos centrais decidirem (de repente), esse instrumento deixará de possuir qualquer valor: basta que seja interdito ser transacionado por «moeda digital estatal», entretanto instaurada pelos Estados e Bancos Centrais. 
Neste momento, o detentor de criptomoedas «livres» pode usar essas, apenas e somente, como quando usa «notas de banco do Monopoly» só possuindo valor dentro desse jogo.

Neste momento,  já alguns compreenderam o jogo, fazem tudo para empurrar as pessoas da classe média empobrecida para o precipício das bolsas, dos índices, os hedge funds, das criptomoedas
Eles sabem que estão a arrastar as pessoas honestas e crédulas para algo muito mau, mas eles não fazem isso por maldade pura e gratuita. 
Fazem-no porque é a maneira deles próprios se «desencravarem», de vender tais ativos, que estão na «estratosfera» agora e ainda irão mais alto, isto é, até desaparecerem como fumo. 
Perguntem sempre a vocês próprios se alguém tem, ou não, interesse próprio («skin in the game» Nassim Taleb) ao fazer uma determinada projeção, ao sugerir esta ou aquela estratégia.



O meu interesse é simplesmente avisar os meus concidadãos. Sei que a crise será profunda, duradoura e destruidora. Talvez algumas pessoas amigas, conhecidas ou desconhecidas, me leiam e compreendam que eu não tenho motivação de lucro pessoal, para dizer o que estou a dizer. Tão pouco tenho motivação ideológica deste tipo. 
Apenas sei que quanto mais miséria, violência, destruição houver no mundo e - também - à minha roda, mais miserável vai ser a minha vida e a vida dos que eu amo.

Voltando ao artigo de A. Mcleod, penso que o título é irónico, pois a dificuldade de compreender a questão da inflação, é nula. A questão é que os interesses colocam todo um jogo de espelhos e de nevoeiro, para tornar incompreensível a questão da inflação ao «não-iniciado». Com efeito, é com a ignorância alheia que os trapaceiros conseguem manter seus «esquemas de Ponzi» a funcionar, é assim que continuam a enriquecer à custa da falência alheia.

segunda-feira, 9 de maio de 2022

MEDITAÇÕES ECONOMICO-POLÍTICAS

                  

No longo prazo, como dizia Keynes, a nossa taxa de sobrevivência tende para zero. 

Todos sabemos que somos mortais, mas alguns de nós temos pretensão de ser eternos como os deuses, ou, pelo menos, deixar - para um futuro longínquo - a nossa marca, que se perpetuará através das nossas «obras». 


Legenda do gráfico: Uma evolução em 220 anos do preço do ouro e do índice Dow Jones da bolsa de Nova Iorque; E. von Greyerz assinala a possibilidade de queda de 97%, na proporção do observado em períodos anteriores (Retirado de GoldSwitzerland)

Enfim, a tal «aposta» no futuro é completamente vã, pois ninguém sabe a-priori porque determinado investimento ou combinação de investimentos tem a virtude de se manter ou multiplicar, enquanto outra, que parecia ser mais sólida, se desfaz ou estagna. Não existe previsão de longo prazo que não falhe, perante o caudal de acontecimentos que estão periodicamente a brotar, em todos os diversos aspetos da vida. Eu diria que estamos perante um modelo global de caos, perante um conjunto face ao qual não existe possibilidade de se aplicar uma lei, uma regra, uma previsão ou projeção racional. 

A mente humana está feita de tal maneira que deseja ver em tudo regularidade, significado, projetando o nosso desejo e querendo que os outros se conformem com as nossas fantasias, como se fossem resultantes de «observações objetivas». Isto faz-me lembrar de como, em criança, me divertia, a encontrar nos veios e irregularidades dos tampos de mesas, desenhos como perfis de cabeças de animais ou de pessoas. Um pouco como o outro jogo em que nos deitamos a olhar o céu e procuramos ver nas formas das nuvens animais, objetos, corpos ou caras de pessoas, etc.

As previsões, que fazem os chamados «especialistas» da informação económica e financeira, é do mesmo tipo que o jogo de crianças acima descrito, não tem qualquer cientificidade, mas reveste-se de todo um aparato estatístico, de gráficos, de palavras caras, para levar o seu leitor a se «autoconvencer» de que a melhor solução é investir em tal ou tal solução, que o «conselheiro financeiro» apresenta como a salvação, a maravilha. 

Eu confesso que tenho dado atenção a alguns e não a todos, isso seria impossível e idiota, daqueles que, periodicamente, na media mainstream ou alternativa, produzem discursos, não que me deixe convencer pelos seus diagnósticos, mas porque a massa  de dados estatísticos que acompanham suas teses podem ser lidas por mim, objetivamente. Por outras palavras, não preciso de conformar-me à leitura destes analistas dos mercados, pois possuo meu próprio juízo crítico e autocrítico, a minha massa de dados prévios. Tento aplicar isso ao domínio económico-financeiro, excluindo os aspetos subjetivos.

Há pessoas, no entanto, que são arrastadas neste contexto catastrófico para a economia real e num início de mercado descendente (bear market) - para a armadilha de «comprar, agora que está em baixa». Inevitavelmente equacionam o movimento de baixa como algo periódico, como a ondulação do mar, o que está agora «em baixa» depois estará «em alta», e vice-versa. Pois, esta visão ingénua sofre de dois falsos silogismos, o de que «o hoje é como o ontem e o amanhã irá reproduzir o ontem» e «de que o dólar, euro, etc. - o dinheiro fiat - são medida apropriada de todas as coisas». 

Quanto à primeira falácia, basta recordar que - em termos nominais - o índice Dow Jones (o índice mais importante da Bolsa de Nova Iorque) voltou a atingir o seu valor de 1929, anterior à Grande Depressão, somente em 1954! E isto, em termos nominais! Se estivermos na primeira fase duma grande depressão análoga de 1929-1935, significa que aquilo que se investir hoje nas bolsas, ou em derivados, tem uma hipótese de voltar a ter um valor nominal igual ao investido hoje, em 2047!

Quanto à segunda falácia, as pessoas deviam refletir maduramente sobre crises de inflação e de hiperinflação que assolaram vários países e zonas do globo em várias épocas. Por exemplo, durante um certo tempo, as bolsas mundiais com ganhos maiores eram as do Zimbabué e da Venezuela. Porquê? Muito simples; se o valor do dinheiro estava em colapso, as pessoas refugiavam-se em ações cotadas, na esperança de que algumas empresas sobrevivessem ao tornado da hiperinflação e assim, havia sempre subida espetacular nos mercados bolsistas de ambos os países! 

Agora, os bancos centrais ocidentais, (FED, ECB, BOJ, etc) têm vindo a inundar os mercados com dinheiro (fictício), supostamente para «salvar» as economias desde a crise de 2008. Esta impressão monetária constante acentuou-se com a crise do COVID e a guerra na Ucrânia. Na verdade, estão a destruir o valor de suas próprias divisas. Vemos com o exemplo seguinte, que existe diferença muito significativa no valor das divisas-papel:

Uma onça de ouro vale, hoje, 1880 USD. Uma onça de ouro compra, hoje, cerca de 17 barris de petróleo. Em 1960, a mesma onça de ouro, comprava cerca de 9 barris de petróleo. Enquanto, hoje, com 4 dólares US (o preço do barril em 1960) se compra, no máximo, 1/27 de barril de petróleo!

Deixo-vos com os artigos, abaixo, que me parecem ser auxiliares úteis na reflexão de cada um. Não são os únicos, mas vão ao encontro de questões fundamentais.

Essa é a perspetiva de longo prazo. No domínio do investimento e talvez nos outros, a mentalidade de ganância leva as pessoas ao abismo.

Como me dizia um trader meu conhecido, trata-se de um «jogo de soma zero», ou seja, quando alguém ganha, outro perde e vice-versa. Não existe criação de riqueza, no casino das bolsas,  apenas transferências.

Ciclo Viscoso da Autodestruição; Ouro Superando a Performance de Todos os Ativos Financeiros, por  Egon von Greyerz 


Um trader
 de Goldman: «O Estado do Mercado é de Sangrar para Alcançar Mínimos Mais Baixos, Interrompido, Ocasionalmente, Por Fortes Altas Curtas.
»

 

domingo, 14 de novembro de 2021

BRINCANDO COM O FOGO, ou como se liberta o génio mau da inflação

 É da natureza dos bancos centrais, em especial da FED, estarem sempre numa posição inadequada, contra-cíclica, em relação à economia. Por exemplo, agora estão com um atraso de muitos meses a tentar a viragem na política de «dinheiro fácil» através de «tapering», que é a desaceleração da impressão monetária, mas não a supressão da mesma. Esta impressão monetária não resolve nenhum problema real, verdadeiro da economia. Com efeito, o aumento da massa monetária total, ou em circulação, vai estimular a perceção dos intervenientes nos mercados, de que há maior riqueza, maior disponibilidade para gastar. Mas não se produziram mais bens nem serviços, não houve acréscimo de autêntica riqueza. É um mecanismo essencialmente psicológico, como, aliás, são de base psicológica muitas das movimentações que ocorrem nas economias. 

A razão pela qual os bancos centrais, em especial os «ocidentais», fazem sistemáticos erros de avaliação da situação económica mundial, é que funcionam com modelos lineares. Baseiam-se nestes modelos e numa visão teórica neokeynesiana. Assim projetam eles as tendências e baseiam o fundamental das suas decisões. O problema com isto, é que tais projeções não colam com a realidade. Se a economia fosse uma verdadeira ciência (não é!), estaria sempre a reavaliar a validade de seus modelos, de suas projeções, incluindo os fundamentos e pressupostos sobre os quais se construíram tais modelos e projeções. 

A realidade é outra: A FED e todos os bancos centrais ocidentais, que lhes seguem as passadas, vão dar sempre prioridade aos conceitos teóricos, sobre a realidade dos factos no terreno. Em todas as crises, especialmente as mais graves,  pode-se notar esse desfasamento. Isso significa que os bancos centrais, em vez de criarem condições para o retorno à normalidade, suas intervenções têm o efeito oposto, o de aumentar a amplitude dos ciclos económicos. 

A recente afirmação de Jerome Powell, de que o surto de inflação era transitório e que, portanto, não haveria nada de fundamental a mudar no rumo decidido pela FED, ilustra claramente a inadequação da política da FED, a qual só pode ter por base uma inadequada visão da realidade, ela própria devida a modelos não apropriados, baseados em teorias parciais, ou defeituosas no fundamental. 

Veja como Mohamed El Erian, numa curta entrevista AQUI, destrói a narrativa emanada da FED e do seu presidente, ao dizer que esta crise foi logo caracterizada por inflação devida a escassez da oferta. Referia as disrupções dos mercados de matérias-primas, bens acabados e, mesmo, de mão-de-obra, resultantes da crise estrutural e de conjuntura - os lockdown a pretexto do COVID - que a exacerbou. Os elementos que El Erian refere estavam patentes, não eram elementos ocultos que somente podiam ser detetados após muitos meses. 

Porém, o que a FED e outros bancos centrais fizeram, com a sua impressão monetária levada ao extremo, foi exacerbar o problema, criando um efeito inflacionário do lado da procura, além e por cima do existente, devido à escassez na oferta. 

A inundação de liquidez nos mercados não veio salvar coisa nenhuma na economia produtiva. Veio apenas insuflar ainda mais as já muito grandes bolhas nas bolsas e em todos os ativos. 

Além disso, houve um súbito aumento de dinheiro disponível, na economia do dia-a-dia, com o dinheiro distribuído às pessoas para compensar as paragens de trabalho forçadas («helicopter-money»). Foi uma medida tornada necessária pelos lockdown, mas os lockdown não eram necessários! 


Assim se destapou a lâmpada de Aladino e deixou-se o génio malévolo da inflação surgir e crescer, com o risco de tudo devorar na onda hiperinflacionária.

A conclusão a que chego é que os bancos centrais são estruturas de poder que se têm pautado por uma política claramente favorável aos muito ricos, os multibilionários, embora tenham o discurso de cuidar da economia para o bem do maior número. 

Isto não pode surpreender alguém convicto da natureza depredadora, parasitária do capitalismo de hoje, com as enormes disparidades de riqueza, logo de poder. 

O diálogo AQUI entre Slavoj Zizek e Yanis Varoufakis demonstra-o: Não há capitalismo, no sentido clássico. Há um domínio dos muito poderosos donos de plataformas (Facebook, Amazon, Google, etc.) que possuem literalmente o campo todo, o chamado «mercado». Este deixou de ser propriamente um mercado, no sentido clássico do termo. Por isso, Varoufakis utiliza a expressão «tecno-feudalismo», outros usam outras expressões, mas vem a dar no mesmo: A realidade é que estamos numa nova era, onde nada é favorável aos pequenos capitalistas e aos trabalhadores, onde tudo está nas mãos de corporações gigantes, monopólios ou oligopólios, que tudo controlam.


segunda-feira, 8 de março de 2021

MERCADOS FINANCEIROS: O QUE NOS DIZEM, VERDADEIRAMENTE

                                


Na semana passada, assistiu-se a uma série de alterações, nos mercados de obrigações, a começar pelas «treasuries» (as obrigações a 10 anos, do Tesouro dos EUA), cujos juros subiram de 0.38 % em Março de 2020 a cerca 1.5 %. Até agora, pode-se dizer que seja um problema apenas das obrigações americanas, visto as obrigações japonesas a 10 anos terem um crescimento muito baixo dos juros e as obrigações alemãs - embora subam acentuadamente - ainda permanecem em terreno negativo (*). 


A importância do mercado obrigacionista, em particular das obrigações estatais, é que este fornece uma medida do custo do dinheiro (de emprestar dinheiro, de pedir um empréstimo, etc.). Os Estados, normalmente, são os actores institucionais mais confiáveis - salvo improvável bancarrota - pelo que as taxas de juro que oferecem, em relação aos empréstimos que contraem, são uma espécie de linha de base, que vai condicionar todo o mercado do crédito. 
Globalmente, o mercado das obrigações, ao nível mundial, é cerca de dez vezes maior que o mercado accionista. No entanto, nos noticiários de economia, as acções cotadas em bolsa são sempre apresentadas como o barómetro primário. 
Mas isto é redondamente falso, até porque muitas das subidas e descidas das bolsas são mera especulação. Nos últimos tempos são potenciadas por algoritmos, que compram e vendem centenas de vezes ao segundo, agindo assim em relação a toda a gama de acções, podendo surgir amplificações de movimentos para cima ou para baixo, inteiramente artificiais e que não correspondem a qualquer variação significativa da situação das empresas, cujas acções estão subindo ou descendo. 


No gráfico seguinte, vê-se claramente que se está a atingir um topo, no que toca às acções, nas bolsas do mundo inteiro.


                   


Estes movimentos, ditos de «compra de pânico», são - em geral - indicativos de que se está a atingir um topo. O mercado de acções tem sido accionado pela impressão monetária. Ela está a ser levada ao extremo pelos bancos centrais dos principais países ocidentais, a começar pela FED dos EUA mas, também, pelo ECB da Zona Euro; tudo em nome do «combate ao COVID», quando, na verdade, se trata de algo completamente diferente. 


De facto, na população dos países ocidentais, raros são os que possuem acções de qualquer espécie. De facto, as pessoas mais ricas - em geral - são as que possuem um portefólio significativo, com acções das bolsas mundiais. São essas pessoas que estão a ser subsidiadas, sob pretexto de «estimular a economia», com somas astronómicas, como o 1,9 trilião de dólares do recém-eleito Biden. Um comportamento semelhante passou-se e passa-se em todos os países ocidentais. 


A acumulação de dívida, mais cedo ou mais tarde, vai fazer ruir o próprio fundamento das economias. Se a dívida de um Estado equivale a 150% do PIB, isso quer dizer que toda a riqueza produzida durante um ano e meio, por esse país, teria de ser utilizada para saldar a dívida acumulada. 
Claro que nunca acontece assim, mas -pelo contrário - os Estados podem esperar saldar, a pouco e pouco, as suas dívidas, se os tempos melhorarem (uma visão muito optimista, no presente) e sobretudo, poderão reduzir a mesma, através da inflação, que faz com que o valor nominal da dívida a pagar seja o mesmo, porém o valor real em dívida desça, na mesma percentagem que a inflação: 
- Se a inflação atinge 20% ao ano, isso quer dizer que o valor do capital em dívida, ao fim do mesmo ano, vai ser 20% menos, em termos reais, embora seja nominalmente o mesmo.
A dívida dos Estados não é excepção: Se um Estado estiver a dever muito, uma inflação elevada torna mais fácil o pagamento das dívidas. Porém, nos mercados de obrigações, o que irá acontecer às dívidas/obrigações dos Estados? Os investidores vão exigir maior juro, para compensar a inflação observada, ou antecipada. Não apenas isso; verão com olhos críticos o sobre-endividamento dum Estado, exigindo portanto um juro maior para compensar o maior risco de «default», ou seja, da falha de pagamento da entidade devedora. 
Chega-se então ao ponto em que os Estados continuam a emitir dívida, mas são incapazes de o fazer sem sobrecarregar os orçamentos com excessivas verbas de juros da dívida pública. Não têm viabilidade, um Estado, uma economia, que entrem num tal processo. 
Embora o Estado possa - durante mais algum tempo - pagar as suas dívidas, os custos disso não serão sustentáveis: Não será capaz de efectuar os investimentos necessários para as suas infraestruturas; a economia perderá capacidade produtiva, de criação de riqueza, pela punção excessiva de dinheiro dos impostos para pagar os juros da dívida pública. Estas somas, se não tivessem de ser canalizadas para pagar juros, poderiam ser investidas, poderiam ser geradoras de riqueza. Entra-se numa espiral descendente. O cenário conduz à estagnação/inflação (a «estagflação»). Isto corresponde ao empobrecimento da sociedade e economia desse país. 

É neste ponto em que se encontram as economias da América do Norte e da Europa. Qualquer aumento dos juros da dívida pública, vai traduzir-se pelo agravamento da inflação, porque os agentes económicos vão ter em conta estes juros como referência, quando negoceiam, quando estabelecem os preços das mercadorias, etc. Vai haver aumento da inflação de preços ao consumidor. Por sua vez, uma inflação acrescida significa uma diminuição do poder de compra das pessoas, um empobrecimento geral e logo, a diminuição da actividade económica (no Ocidente, o PIB depende em ~ 70%, do consumo). O ciclo vicioso está plenamente instalado!
Mais vale as pessoas estarem resguardadas, neste período de destruição massiva das divisas. Note-se que o dinheiro pode «desaparecer» ou «deixar de valer» mas, a «riqueza» é outra coisa. Assim, os ricos podem estar a encher-se ainda mais, a ficar mais ricos, apesar do empobrecimento geral.
Na Alemanha de 1923, uns cem dólares USA eram suficientes para compra dum andar de luxo, em Berlim. Houve pessoas espertas que compraram, com marcos alemães, que valiam cada vez menos, imobiliário, empresas, terrenos, etc... tudo o que não era activo financeiro. À saída da crise, estavam imensamente ricas. Outras, conservaram acções, obrigações, ou «cash» e ficaram falidas, na miséria. 
Não digo que a situação se vá repetir. Porém, é de reflectir sobre ela, estudá-la. Porque o mecanismo do desencadear da inflação, através da impressão monetária, é o mesmo. 

Recorde-se a definição de loucura de Albert Einstein: «Esperar um efeito diferente duma acção repetidamente falhada, é um sinal de loucura». Se os dirigentes dos Estados mais poderosos «esperam» um desenlace diferente («desta vez vai ser diferente» dizem eles...), nós não temos de acreditar neles. Aliás, seria loucura ainda maior, acreditarmos em loucos ou aldrabões, que nos vêm «com falinhas mansas»!

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*NB: O valor de uma obrigação é tanto maior, quanto o juro é mais baixo, porque, nestas circunstâncias, se supõe que há muitos compradores para essa dívida. Sendo assim, o emissor da dívida pode oferecer um juro mais baixo e terá, no entanto, suficientes compradores da mesma. Inversamente, se os juros sobem, isso quer dizer que o emissor da dívida só consegue colocar a mesma caso ofereça um juro maior, só assim obterá investidores que lhe emprestem dinheiro, comprando as suas obrigações.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

NA ECONOMIA, «BOM ANO» DE 2021?

 Bom ano de 2021? Charles Sannat considera que o ano que agora entrou pode nos «fazer ter saudades» do que saiu, por mais incrível que nos pareça agora. Ele tem argumentos muito sólidos que permitem dar crédito ou verosimilhança a tal situação. 
                                                                                                                       

Abaixo, tentarei fazer uma síntese do que Charles Sannat apresentou neste vídeo, juntando a minha avaliação própria.


Primeiro, a questão da «crise do COVID»: Quando temos um Bill Gates a vaticinar que a crise do coronavírus não vai desaparecer antes de 2022, dá um arrepio na espinha, pois ele e seus congéneres «previram» em 2019 o essencial do que se passou ao longo do ano 2020. 

Segundo, as empresas ficam totalmente dependentes de ajudas dos governos, não apenas nos EUA, como na UE e noutras economias desenvolvidas. Estas empresas não irão ter subsídios eternamente e, nalgum momento, os subsídios irão parar. Nessa altura, haverá uma aceleração do desemprego. Se os bancos centrais continuarem a imprimir divisas como no ano passado, vão desencadear uma crise de hiperinflação. Neste caso também, haverá destruição acelerada de empresas e de postos de trabalho. 

Nos gráficos abaixo, da Reserva Federal de St. Louis, pode-se ver o que se passa nos EUA. 

Nos países europeus*, tanto do Euro, como os outros, a situação é substancialmente a mesma: um crescimento vertiginoso da massa monetária, do endividamento estatal e, tudo isto, com um pano de fundo de séria depressão da economia.

  * Nota: No caso do ECB e outros bancos centrais, os gráficos revelam situações bastante semelhantes ao que se passa com a Reserva Federal Americana.

                                     https://fred.stlouisfed.org/series/MABMM301USM189S

          
Fig. 1: agregado da massa monetária M3, de 1960 até hoje (clicar na imagem para ampliar)


         
Fig.: dívida em relação ao PIB dos EUA, de 1966 até hoje (clicar na imagem para ampliar) 

Terceiro, a descolagem completa da finança em relação às realidades de economia produtiva vai acelerar. Os valores bolsistas já estão, em geral, completamente dissociados do valor real das empresas cotadas e das suas performances, em termos de produção e de lucro. 

O que se observa agora com a economia financeirizada dos países ocidentais, é aquilo que se observou nas crises económicas e financeiras, que levaram à bancarrota o Zimbabué e a Venezuela: uma fuga para a frente, com multiplicação da impressão monetária, conjugada com o desejo do público salvar as suas poupanças, consciente de que o valor das moedas estava a ser destruído. As pessoas aplicavam tudo o que tinham em acções das bolsas. Nesta fase, as bolsas da Venezuela e do Zimbabué obtiveram subidas espectaculares, mas o valor em termos reais dessas acções, descia mais depressa do que as subidas nominais.

No geral, mantenho o que afirmei na minha avaliação periódica OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA - PARTE IX. Convido-vos a ler e discutir esta e outras análises, pois o colapso (termo usado também por Sannat) não está longe; está em cima das nossas cabeças e , por isso, temos de saber muito bem o que fazer nestas circunstâncias. 

Estão todos/todas convidados/as a escrever comentários sobre estes temas. A discussão é livre no meu blog; podem exprimir vossas opiniões sem censura, aqui!

  

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A EXUBERÂNCIA & MISÉRIA NAS NOSSAS SOCIEDADES

                            Sheeple Images, Stock Photos & Vectors | Shutterstock

Para grande satisfação de certos papagaios da media «mainstream», que apenas estão positivamente interessados nos lucros que uma ínfima minoria possa fazer apostando e especulando nas bolsas, hoje de manhã (24/08/2020) as cotações bolsistas de Apple ou Tesla, atingiram novos cumes. Outros títulos tiveram semelhantes subidas espectaculares.

Tudo isso enjoa-me. Ver que há pessoas tão estúpidas que acreditam estarem mais «ricas», por alguns números nuns painéis electrónicos terem crescido. Os valores bolsistas são manipulados pelos bancos centrais, pelos grandes grupos financeiros e pelos governos, de tal maneira que é inteiramente previsível o que se está a passar... É feito tudo o que é necessário para dar a ilusão de enriquecimento aos ingénuos, que se entusiasmam com uma ilusão. O mais extraordinário é que - mesmo eles -  sabem, no fundo,  que essa riqueza é fictícia, que não corresponde a aumento de produtividade ou a inovação significativa. Eles pensam: «... sim - é fictícia - mas, eu irei ser esperto o suficiente para me retirar do jogo, capitalizando os lucros...» 

Esta exuberância é sinal dos tempos: sinal de uma inequívoca incapacidade do sistema em gerar algo positivo, algo que produza riqueza verdadeira, material, algo que possa alimentar (literal e metaforicamente) as pessoas, que dê esperança aos que estão em baixo na escala social, de verem a sua condição subir. 

Isso aconteceu durante três ou quatro décadas, nos países do Ocidente, após a IIª Guerra Mundial. Foi um período de reconstrução e de desenvolvimento da indústria e das infraestruturas. Esse crescimento impulsionou a criação da almofada de segurança para os trabalhadores e para os mais frágeis, o chamado «Estado Social». 

Assim, as contradições entre classes e grupos sociais, embora tivessem momentos agudos, ficaram a níveis toleráveis e permitiram a chamada coesão social, ou seja, as pessoas aceitarem que eram cidadãs e que isso lhes conferia um estatuto, direitos e deveres, obrigações e regalias, sendo portanto, pouco apelativa - para a maioria - arriscar seu pequeno bem-estar, em teorias e práticas revolucionárias/radicais. 

Este fim da era do capitalismo, com o capital dominando todas as dimensões da vida, a hegemonia da mercadoria sobre a sociedade e os indivíduos está - manifestamente - a chegar ao fim. Não é preciso ser-se profeta, ou grande sábio iluminado, para se perceber isso. A realidade encarrega-se de mostrar, a todos os que quiserem abrir os olhos, que assim é. 

O que me preocupa, enquanto cidadão e indivíduo, é a confusão mental de muitos, a sua incapacidade em compreender como têm sido manipulados, vítimas de preconceitos, inoculados pela sociedade e pela constante  propaganda, disfarçada de «informação».

Porque se me depara a possibilidade um novo feudalismo. Um feudalismo sob o nome pomposo e enganador de «Nova Ordem Mundial». É que o caos, que todos nós podemos observar, foi - sem sombra de dúvida - desejado e orquestrado pela elite no poder, para melhor deitar abaixo estruturas que a incomodavam, as quais travavam os seus ímpetos de domínio totalitário sobre a sociedade e a natureza. 

É absolutamente indispensável que as pessoas tenham em atenção o que são e o que fazem, realmente, George Soros, Bill Gates, etc... Assim como os que gravitam à volta do Clube de Bilderberg, do Fórum Económico Mundial de Davos... só para citar algumas referências.

Os dados nos quais me apoio têm correspondência com o real, são confirmados pela prática, não por meros discursos. 

Estamos perante uma ofensiva dos muito ricos e poderosos, dos que possuem os governos. Eles «têm na mão» os políticos, cuja eleição para cargos de poder e carreira está inteiramente dependente da sua aceitação do papel que essa elite lhes destinou. Não poderia ser em vão, ou por capricho, que os muito ricos se esmeram em controlar órgãos de comunicação social; porém, os capitais investidos nos media resultam - quase sempre - em prejuízo. Mas o prejuízo é só aparente, pois são exímios em aproveitar todas as oportunidades de lucro nas diversas indústrias em que estão envolvidos. Então, ao seu aparente desperdício de capital, tem de corresponder uma vantagem muito grande. 

E assim é; quando se chega à situação de monopólio ou oligopólio nos media, não existe mais verdadeira liberdade de informação. Todas as  notícias que causem dano à imagem dos referidos magnates, ou sejam negativas para os seus negócios, são impiedosamente cortadas, censuradas. Mas, ainda por cima, o público tem a sua opinião permanentemente fabricada por vassalos fiéis. Isto permite aos magnates influenciar todos os aspectos de uma sociedade, desde a economia à política. Quanto às pessoas que lançam um alerta (whistleblowers), elas são perseguidas, expulsas dos seus empregos, enxovalhadas e, frequentemente, são presas.

A media é, portanto, o instrumento dos muito ricos, para levar «o rebanho» (nós) para onde eles desejam. Não admira, portanto, que tudo façam no sentido de levar a cabo o famoso «great reset» da forma e conteúdo que mais convenham a esta mesma oligarquia.  

No plano geral, a oligarquia mundial está apenas preocupada em garantir um maior controlo dos recursos, que são finitos. Ela pensa - seguindo o neo-malthusianismo - que, se os pobres continuarem a multiplicar-se, são capazes de esgotar os recursos (matérias-primas, alimentos, terras agrícolas e ambiente).

Assim, segundo esta doutrina, os ricos só poderão escapar, se houver uma redução substancial dos quase 8 mil milhões que povoam a Terra, hoje em dia. 

O neo-malthusianismo está errado e não tem sustentação científica, embora alguns cientistas e economistas (como os do «Clube de Roma»), contribuam para o difundir e dar-lhe um verniz de ciência. É apenas uma teoria auto-justificativa dos muito ricos, da sua situação de acumuladores de imensas riquezas e foi por mim analisada num artigo deste blog. Peço aos leitores que desejem saber os detalhes, para se referirem a ele.  

Se compreendermos o contexto, conseguimos compreender a lógica de tudo o que se tem estado a passar. 

- Compreende-se o porquê dos esforços para impor uma vacina contra o Covid, para instaurar uma espécie de passaporte sanitário (com registo digital), graças ao qual as autoridades poderão decidir se alguém pode ou não viajar, ter ou não determinado emprego, etc. 

- Compreende-se que estejam a deixar o caos instalar-se em várias cidades dos EUA, para afastar um candidato - Trump -  que não lhes é fiel, pois o actual Presidente dos EUA desejava acabar com a globalização financeira neoliberal, que tem sido a agenda da oligarquia ao nível mundial. 

- Compreende-se que estejam a implementar um desaparecimento das divisas em papel, para apenas haver transacções digitais, controláveis e traçáveis ao pormenor. 

- O mesmo em relação aos «app», que são desenvolvidos para detectar e rastrear ,supostamente, as pessoas portadoras  do «vírus». Os media corporativos, tão preocupados com os direitos humanos, não se lhes ocorre que o mesmo «app» é aplicável tal-qual, para dissidentes políticos ou sociais... basta que eles, os que controlam o sistema, o queiram. 

- Não existe já - na prática e apesar do que está estabelecido nas constituições - protecção, resguardo da privacidade e das liberdades individuais mais elementares. 

- Não existe mais o direito ao próprio corpo, visto que a «vacina» será compulsória, mesmo que digam o contrário. 

Se isto não é um deslize para o totalitarismo, não sei o que seja. 

Os totalitarismos do século XX estavam baseados na supressão brutal e absoluta (eliminação física das pessoas) da dissidência. 

Os totalitarismos deste século serão caracterizados pela supressão dos dissidentes enquanto entidades sociais, enquanto pessoas portadoras de um modo de ver a realidade, de interpretá-la, diferente das narrativas oficiais. A nulificação do discurso de alguém, seja sob que pretexto for, é uma forma totalitária de lidar com a dissidência. Se, aquilo que o dissidente produz (texto, som ou imagem), é impedido de chegar aos outros, por vários processos de censura,  é como negar-lhe o direito a existir. O efeito será muito pior que matar ou prender, num certo sentido, pois as vítimas não terão a solidariedade dos seus concidadãos. 

Aliás, o medo tem sido um instrumento fundamental das manipulações. O condicionamento das massas (lavagem ao cérebro) usa técnicas derivadas de estudos rigorosos que, embora científicos, não são nada éticos. Há imensos dados sobre tais experiências nos Estados Unidos, que vêm do programa «MK-ULTRA» nos anos 50 do século passado e tiveram muitas ramificações. Mas, infelizmente, países aliados dos EUA, como o Reino Unido (Instituto TAVISTOCK), têm também feito as suas próprias pesquisas. 

A narrativa que nos andam constantemente a impor, é uma forma de condicionamento mental. 

O facto do condicionamento ser constante e maciço, torna extremamente difícil alguém se subtrair ao mesmo. Este condicionamento permite que a multidão seja encaminhada (como ovelhas), se não para os «fornos crematórios», pelo menos, a adoptar uma atitude de submissão, pela interiorização de pensamentos, estados interiores, ou atitudes, compatíveis com a dominação absoluta dos «Senhores». 

Os servos da gleba na Idade Média, revoltavam-se - de vez em quando - contra o Senhor feudal, incendiavam o castelo, etc. Mas, os actuais e futuros «servos da gleba» sabem que de nada serve essa revolta. Eles próprios auto-censuram-se por terem sequer pensamentos de revolta, sabem que sua subsistência está inteiramente nas mãos de quem os domina... O «rendimento básico universal» é uma forma de colocar as pessoas sem emprego numa situação de dependência. Calcula-se em 80%, num futuro próximo, os postos de trabalho suprimidos e substituídos os humanos por robots. A pessoas vão perder completamente a sua autonomia. No caso de alguém se tornar incómodo, basta que o poder decida que lhe seja cortado o «rendimento básico»... Não receber o mísero rendimento básico, equivale a sentença de morte por inanição.


PS1: Os pobres e membros de comunidade negra, ou doutras minorias étnicas, nos EUA, podem ser mortos impunemente pela polícia. Outro crime a sangue frio por um polícia, baleando pelas costas um jovem negro (Jacob Blake), que ficou paralítico, está a desencadear um ambiente explosivo nos EUA. É um clima pré-insurreição, ou pré-guerra civil. Estas perturbações são secretamente incentivadas pela oligarquia: ela quer usar isso para impor a lei marcial e o controlo total da população.

PS2: está bem claro quem são, na verdade, as pessoas de BLM e de Antifa... é esclarecedor o que escreve Daniele Pozzati.