From Comment section in https://www.moonofalabama.org/2024/03/deterrence-by-savagery.html#more

The savagery is a losing card. By playing it the US and the West are undercutting every ideological, normative and institutional modality of legitimacy and influence. It is a sign that they couldn't even win militarily, as Hamas, Ansarallah and Hezbollah have won by surviving and waging strategies of denial and guerilla warfare. Israeli objectives have not been realized, and the US looks more isolated and extreme than ever. It won't be forgotten and there are now alternatives.
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sexta-feira, 24 de novembro de 2023

CONTROLA OS SEUS IMPULSOS?

 O comércio joga com os impulsos das pessoas  para comprarem. O estímulo para comprar está disseminado em toda a sociedade. É que na sociedade da mercadoria, onde tudo se compra e vende, o ato de comprar é assimilado a duas coisas, no inconsciente:

A - Um prazer sensual, análogo à fase oral/anal da psicologia freudiana. 

Com efeito, a adição de compra compulsiva  é uma patologia muito séria e mais banal  que outras adições que não envolvam ingestão de «drogas». Mas, o sistema de escravização do consumidor consegue desenvolver técnicas para o aumento de sua adição. 

Por exemplo, as luzes e decorações de Natal nas ruas, nos centros comerciais e nas montras: São, afinal, a criação de um ambiente «feérico» que faz as pessoas quererem voltar à infância e deixarem-se arrastar por impulsos de consumo. Este impulso pode ser motivado por desejo de satisfazer entes queridos (o Natal como festa da Família), mas também aqui se trata de uma relação falseada, porque mediada pela mercadoria. Em geral, quer em ocasiões «normais» ou «especiais», o impulso obsessivo de comprar, desencadeia compras inúteis, que desequilibram o orçamento pessoal.

B- Um símbolo de status; por isso é que bugigangas produzidas em série, são publicitadas como algo «exclusivo». De facto, a adição às compras é cuidadosamente cultivada pelos órgãos de  comunicação social de massas, cujos rendimentos são resultantes da publicidade, sobretudo. 

O contexto da sociedade mercantil hipervaloriza a aquisição e acumulação de objetos: As pessoas têm uma relação doentia com a posse de certos objetos, em especial se forem caros, de luxo, de «prestígio». 

Os objetos a que me refiro, não são adquiridos por necessidade ou conveniência, são como um «investimento» afetivo e promocional. 

- Auto-Afetivo, porque as pessoas (simbolicamente) estão a remunerar ou a recompensar, a si próprias.

- Auto-Promocional: Ao exibirem algo ostensivamente caro. Esses itens - mesmo que sejam de pouca ou nenhuma utilidade - estão a exibir a  elevada capacidade aquisitiva de seu possuidor.



Numa sociedade onde a aparência é tudo, onde  ser economicamente bem sucedido, é ser uma «celebridade» e passar a fazer parte da «elite», mesmo que seja de maneira efémera, as pessoas não conseguem amadurecer o seu ego. Permanecem bloqueadas nos afetos infantis, tanto no que respeita à «gula» de compras, como à gula de comida. 

Repare-se nas seguintes situações:

- A epidemia de obesidade (sobretudo, nas camadas menos abonadas), 

- A atitude hedónica, não apenas de adolescentes como de adultos (= adolescentes mentais),

- O crescente número de pessoas que ficam endividadas em excesso, usando cartões de crédito, 

Todos estes (e muitos mais), são exemplos bem visíveis de patologias sociais. Todos são característicos da chamada sociedade de consumo. Por contraste, as características acima não se observam nos períodos históricos anteriores à revolução industrial, ou nas sociedades que - ainda hoje - subsistem fora do modelo dominante.

A alternativa não reside na pobreza voluntária, ou noutro tipo de autoflagelação, para combater os males sociais. É fundamental educar-nos e educarmos as jovens gerações, para não cairmos no ciclo infernal do «consumo pulsional». 

Além disso, temos de compreender que as soluções boas para o ambiente, para a sustentabilidade da biosfera e para uma sociedade harmoniosa são incompatíveis com o capitalismo

É um facto, que o capitalismo precisa do sobre- consumo desenfreado. Por muito que mostrem preocupações «ecológicas» e «socialmente responsáveis», os comerciantes e os industriais só são verdadeiramente movidos por uma coisa, o lucro.

Não é de admirar, pois o modelo de economia e sociedade capitalista, é exatamente aquele que endeusa o indivíduo que enriquece, seja lá por que meios for. Desde que seja rico/a, é uma pessoa interessante, inteligente, etc. Portanto, as pessoas - mesmo que não sejam comerciantes ou industriais - são fortemente encorajadas a procurar enriquecer-se, sem olharem demasiado aos meios. 

A ostentação, o consumo de luxo, o consumo hedónico, são o símbolo e o triunfo desejado pela maior parte das pessoas, dentro do  modelo económico e social capitalista.

quarta-feira, 21 de julho de 2021

PROPAGANDA 21 [Nº2] a realidade conveniente e a gestão da perceção

Dois exemplos de manipulação da perceção: 

1/ Os pais de crianças com mais de dois anos são, agora, obrigados a aceitar que no jardim de infância, suas filhas e filhos usem máscara. Sabe-se que as crianças - sobretudo as pequenas - precisam muito de uma interação entre si e com os adultos, que passa pelas expressões do rosto. É também conhecido o efeito, na oxigenação do cérebro, de estar-se longas horas com a máscara colocada. A associação médica pediátrica americana, teve inicialmente uma posição de rejeição do uso de máscara pelas crianças pequenas, tanto mais que elas não são suscetíveis de apanhar covid, têm uma forte proteção natural, nem de serem transmissoras assintomáticas (como foi demonstrado por vários estudos, a ideia de transmissão assintomática é simplesmente falsa). 


Mas, subitamente a associação passou a advogar uso de máscara para crianças acima dos dois anos. Então qual é a causa da mudança brusca, da viragem de 180º? A resposta está na página dos «sponsors» da referida associação. Em destacado lugar vem a Pfizer. Vejam a notícia AQUI.

 

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2/ Um célebre e respeitado patologista holandês, Frank van der Goot está convicto que os números de óbitos relacionados com Covid estão incorretos. A razão é que os médicos que passam as certidões de óbito quase nunca o fazem com base numa autópsia. Eles apenas preenchem o formulário e têm de registar uma cadeia de causalidade que, na prática, corresponde a perjúrio. De facto, assinam uma certidão das pessoas como tendo sido falecidas do Covid, quando apenas terão um teste PCR que indica positivo. Ora, este meio não é diagnóstico, isso está mais que provado.
Tal como este médico neerlandês, os médicos de toda a Europa poderão constatar que também é assim em todos os países da UE. Com efeito, nestes países, uma normativa emitida pelas entidades de coordenação sanitária ao nível da EU, estipula que os médicos legistas deverão colocar como causa imediata de morte Covid, se um paciente possuía um teste positivo, até 28 dias antes do óbito. Ora, existem muitas razões para suspeitar das «mortes por covid»:

a) Segundo relatório de médicos italianos (que fizeram autópsias, apesar de «desaconselhadas» pela OMS) era superior a 90% a existência de co-morbilidades (uma, duas ou mais doenças, ao mesmo tempo que a infeção com coronavírus). Mais pessoas morreram com coronavirus do que de coronavírus, segundo eles.
b) O teste de PCR, tal como foi inicialmente usado com 35 (ou mais) ciclos foi considerado pela própria OMS, mais tarde, como inapropriado, por permitir um número demasiado elevado de falsos positivos (ou seja, pessoas que não tinham realmente coronavírus, mas o teste dizia que sim), sendo agora proposto para este teste um número muito menor (25 ciclos).
c) A forma como os médicos foram forçados a preencher as certidões de óbito tornava completamente irrisória a validade destas. Os médicos foram instruídos pelas autoridades de saúde, nos vários países da Europa, a declararem um doente «morto de Covid», com um teste positivo ou até com sintomas muito vagos e que podiam ser de uma pneumonia, de uma gripe, etc. Isto pode ser comprovado pelo protesto da Associação de Médicos Clínicos Britânicos, que denunciou esta grosseira ingerência nas competências individuais dos médicos, por parte dos burocratas da saúde e do governo. Outros protestos de organismos médicos poderão ter existido noutros países europeus.
d) Após a introdução das vacinas, as ordens modificaram-se, de tal maneira que houve uma descida «administrativa» das mortes por Covid (supostamente) logo a seguir a esta introdução. Isto tinha o objetivo de fazer com que as pessoas aceitassem que a campanha de vacinação estava a trazer frutos imediatos. Só que que, primeiro, as pessoas não se infetam e imediatamente morrem; o processo leva tempo; a taxa de morbilidade e de mortalidade não deveria, em situação normal, baixar tão cedo e tão repentinamente.
 Então, o que sucedeu? As modalidades de deteção do Covid com teste PRC tornaram-se muito mais «sensatas»; muitas pessoas - que antes teriam tido um teste (falsamente) positivo - passaram a teste negativo. Por outro lado, o número (real) de pacientes com Covid nos hospitais nunca foi tão elevado como nos quiseram fazer crer, nunca houve risco de avalanche nas urgências com doentes de Covid. 
Finalmente, tal como os positivos saudáveis (falsos positivos) desapareceram, também os testes a doentes hospitalizados acusando presença de SAR-Cov-2, diminuíram na mesma proporção, ou seja, tornaram-se mais próximos da realidade. O preenchimento das certidões de óbito, já não iria dar -tão frequentemente - como causa de morte «covid», visto muitos mais testes serem negativos. Eis como se deu a mágica e súbita descida da morbilidade e mortandade por «covid» na UE. Tudo isto, devido às vacinas, ao efeito mágico, milagroso das vacinas! 

Portanto, a manipulação das estatísticas, a indução duma psicose de medo, a falsificação dos testes de deteção, a indução (pelos burocratas) à fraude nas certidões de óbito, são factos suficientemente estabelecidos, por inúmeros testemunhos e pelas próprias estatísticas oficiais, que não deixam margem para dúvida; existe um enorme número de indícios («smoking guns»), apesar das manobras de ocultação.

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*Pathologist speaks out; "Death figures RIVM are not correct!"

Doctor and Pathologist Frank van der Goot is convinced; “I am not impressed by the figures that Statistics Netherlands and RIVM communicate. The Covid-19 death figures are also incorrect. Simply because there are hardly any autopsies in the Netherlands and therefore the cause of death by the doctor is highly careless. After all, you cannot determine the cause of death from the outside and that makes the registration a legal obligation for perjury”.

Strong language but Dr. Van der Goot substantiates his views well. “Physicians are, of course, loyal and have to fill in something on the A / B form and then associate by recording the chain of causality. They do this in good faith, but at the same time they also know that they are not sure. From a legal point of view, that makes it perjury and puts doctors in an ethical dilemma.”

Pathologist Frank van der Goot, together with program maker Flavio Pasquino, goes through a video from CBS, which explains how the cause of death is determined. The case used in the video is already debatable and makes for a fascinating conversation about causality and underlying suffering. In the corona crisis this is super relevant because the number of Covid-19 deaths is of great importance to determine the IFR, the Infection Fatality Rate. How many people actually die after infection? But what if the people who died are mislabeled and died of something else?

dr. Frank van der Goot is no stranger to TV. For example, he made an NPO series "Doden Liegen Niet" about determining the cause of death, where he - just like in this broadcast - argued and even showed that the cause of death is often incorrect.

Van der Goot is in both Clinical and Forensic Pathologist and is affiliated with the National Forensic Research Office . He also works in a hospital where he mainly researches biopsies and does not so much perform autopsies.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

FALSA EDUCAÇÃO E NEO-COLONIALISMO

Ouvir histórias verídicas, passadas no sistema escolar, contadas pelas próprias pessoas que as viveram, custa-me. Mas não tenho dúvida de que as pessoas que as contam (quando adultas), sofreram traumas, enquanto crianças ou adolescentes. 
Pergunto aos meus botões ...«como é possível»? 
- Como é possível haver pessoas que fazem coisas assim a crianças indefesas? Como é possível haver uma instituição «cega» em relação aos comportamento de certas pessoas, funcionários da sua instituição, só reagindo quando as situações se tornam demasiado conhecidas, em que já não é possível «abafar» o escândalo?
A escola de hoje é uma espécie prisão onde as crianças e adolescentes são torturados de todas as formas, para se transformarem, algumas, em monstros torturadores de professores, funcionários e progenitores, num ciclo vicioso sem fim. 
Nada do que, supostamente, as crianças e adolescentes «aprendem», fica; pelo menos, nada daquilo que seria suposto ficar. 
O ensino é mera «decoração», no sentido de «decorar» textos, quase sempre sem apreender nada do seu real significado, para logo em seguida os esquecer. 
Mas também, «decoração», como se «decora» um apartamento, com mobílias, com bibelots, etc. Também neste sentido, é algo efémero, nada que fique para «a vida». É como o «décor» que se coloca no palco para uma peça de teatro.
Por estes motivos, tenho vindo a alertar para a necessidade de se subverter a ideia-feita de que a «educação» é sinónimo de progresso, de fornecer ao indivíduo instrumentos para ele se poder desenvencilhar na vida. Este é sempre o grande (pseudo) argumento dos arautos do sistema. 
Mas, estão a distorcer completamente - com fins de propaganda - a realidade nua e crua!
Pois a escola tornou-se, em geral, uma antecâmara para o insucesso na vida. 
As pessoas que colocam a ambição dos seus filhos e filhas em determinada carreira lucrativa, em geral exigindo estudos difíceis e exigentes (sob todos os pontos de vista, também tempo e dinheiro), estão a criar neles frustração para a vida inteira. 
Até mesmo isto se passa com os chamados «muito bons» alunos: acontece que há imensos casos de jovens que chegam ao segundo ou terceiro ano dum curso de medicina ou engenharia, desencantados. Muitos, prosseguem apenas por obrigação, sem entusiasmo; outros, têm a coragem de dizer «afinal não era nada disto que eu queria» e abandonam esse curso. 
Note-se que estamos a falar dos tais 1% ou 0.01%, que viram o seu «sonho» (ou o dos pais) realizar-se e entram para o almejado curso superior, que iria conferir prestígio social e um posto de trabalho e um rendimento, confortáveis, seguros!!!
A imensa maioria dos alunos acaba por não ficar com uma formação-base, com pés e cabeça, com alguma empregabilidade, quando teoricamente deveriam ter idade para se bastar a si próprios. 
Muitos, vão para cursos que não desejaram e para os quais não têm apetência real, apenas desejam ter um «dr.» ou «eng.» apenso ao seu nome. A chancela de diplomado no ensino superior seria a «porta de entrada» nas classes médias superiores, segundo o imaginário das multidões, apenas. Este preconceito está arreigado na generalidade das pessoas, na altura em que isso deixou de ser assim. 
Do ponto de vista económico, as sociedades imbuídas de elitismo, produzem grande número de desempregados de longa duração. Muitos destes não são contabilizados, porque «frequentam um curso superior». Outros, têm frequência de cursos superiores com especializações que nunca irão exercer na vida activa. Por fim, uma minoria de licenciados ou mestrados, encontra empregos correspondentes à sua formação académica. E, destes poucos, em boa justiça, seria preciso descontar os que exercem docência, em qualquer nível de ensino, porque manter esta função docente, é condição para perpetuar o próprio sistema. 
Do ponto de vista humano, as coisas não são mais positivas. As múltiplas patologias - as depressões, o bullying ou assédio, o burn-out ou exaustão, etc...-  relacionadas, a um ou outro nível, com insucesso escolar e profissional, seriam demasiado complexas para serem descritas em alguns parágrafos. 
São, porém, uma carga de sofrimento humano, que se estende a toda a sociedade. Esta, está «cega» a tais patologias. Elas são vistas como se fossem primariamente culpa do indivíduo e/ou dum conjunto muito particular de circunstâncias. O célebre reflexo de «enterrar a cabeça na areia» é aquilo que mais se vê. Poucas são as pessoas situadas em postos de responsabilidade e decisão que tentam abordar de modo sério as diversas patologias decorrentes da organização da nossa sociedade.

O pior, é a sociedade e o poder político resignarem-se a este estado de coisas. O primeiro passo deveria ser a classe média aceder ao grau de consciência do que está a suceder, para - ela própria- exercer pressão sobre o poder político e empresarial, por forma a que tal estado de coisas evolua. Para que não se perpetuem estas aberrações, de geração em geração!

Algo de alternativo aos diplomas superiores deveria existir e funcionar, neste país. Não seria algo inédito ou estranho, pois existe noutros países: sistemas de «creditação» fora dos percursos clássicos. Isto deveria ser tentado seriamente: a importância da formação na empresa, como meio de proporcionar aos indivíduos formas de acesso ao emprego com remuneração digna e de acordo com as suas capacidades e expectativas e de proporcionar às empresas as modalidades de formação em recursos humanos adequadas à sua actividade. A fluidez de percursos académicos e profissionais deveria ser muito maior. 
Não se compreende que não exista uma planificação flexível, ao nível do Estado, das Autarquias, das Universidades, estabelecendo prioridades e quantificando necessidades. A não ser que isso seja visto como sintoma típico dum país neo-colonizado, mas simultaneamente com veleidades de país «rico». 
Portugal dá-se ao «luxo» de não gerir seus recursos humanos em múltiplas áreas... se exceptuarmos algumas empresas ditas de «ponta», algumas multinacionais. 
O «material humano» é o mais precioso bem que se tem numa sociedade, mas os nossos dirigentes ignoram isso, não se importam que este país seja exportador líquido de «cérebros», nomeadamente para outros países europeus ....

Se as pessoas avaliassem os dirigentes (na política, na instituição escolar e universitária, no meio empresarial, etc.), não por aquilo que eles proclamam, mas por aquilo que fazem, efectivamente, talvez as coisas pudessem correr melhor para Portugal e os portugueses.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

CAN'T BUY ME LOVE...?


Estamos sempre ocupados a medir coisas que supomos saber medir, mesmo a felicidade! Ou seja, acreditamos que existe uma maneira de acrescentar mais felicidade, «amor», apenas com um incremento quantitativo, ou com uma diminuição de sofrimento… mas - afinal - as coisas não são bem assim! Embora pareça que o sofrimento humano global diminuiu muitíssimo, a  verdade é que nós, que vivemos numa sociedade relativamente protegida da pobreza em massa, de catástrofes como a guerra ou as suas consequências, não temos em conta a evolução global do mundo. Hipertrofiamos o que está à nossa volta, ao ponto de tudo o que esteja um pouco mais longe do nosso olhar é como se não existisse, ou tem um estatuto de algo abstracto… A sociedade globalizada, em termos de informação, é (paradoxalmente) uma sociedade extremamente centrada no seu umbigo e quando não é assim, quer avaliar os outros, as outras sociedades, pela bitola da sua própria existência.
A qualidade está sempre a ser preterida pela quantidade. A aparência, o «look», é o que importa. Nesta sociedade, não existe nenhuma igualdade de facto, nem «meritocracia», pois as pessoas mais medíocres podem ser içadas aos lugares cimeiros dos negócios, da política, gozar duma popularidade assente apenas em dinheiro, em poder económico. Os pobres ou os remediados não contam ou contam apenas como números, como consumidores, como contribuintes, como votantes… enfim como «coisas» que os «de cima» têm (de vez em quando) de seduzir, têm de fingir que os «compreendem», para melhor perpetuar a servidão voluntária.
A época que vivemos, mesmo nos países afluentes, é caracterizada por uma involução social, mesmo em termos de certos índices quantitativos. As patologias psíquicas e o consumo de psicofármacos (com ou sem prescrição médica) têm aumentado exponencialmente. O sedentarismo, a comida hipercalórica, a acumulação de agressões ambientais, fazem aumentar também exponencialmente os números da diabetes, da obesidade, do cancro …
Os afectos são tratados de forma completamente inadequada. As pessoas jovens em particular são, muitas vezes, enredadas numa visão totalmente distorcida do prazer e da sexualidade. Os suicídios entre jovens também têm crescido.
Eu não sei se podemos considerar que existe um «progresso», quando temos tantas facilidades por um lado e tanto desperdício e tantos problemas ambientais, decorrentes dessa abundância, por outro. Apenas estamos a atirar os problemas para as gerações seguintes. Sabemos que terão muito menos recursos naturais, em todas as coisas largamente consumidas, desde as jazidas de petróleo, às de metais diversos; desde a água disponível para consumo dos humanos, à terra fértil e aos ambientes não degradados, não contaminados.
Valorizamos o dinheiro, que é um mero símbolo, mas - ao mesmo tempo - deixamos que os bancos centrais e os governos organizem uma orgia de desvalorizações, por «impressão monetária», na realidade, electrónica. Há bem pouco tempo atrás, isso era um crime grave! Na realidade, valorizamos o dinheiro enquanto «fétiche», temos uma visão realmente alienada do dinheiro, que vemos como fim em si mesmo, quando apenas deveria ser considerado um meio para determinados fins.
A humanidade tem de voltar a viver noutra dimensão que não a dos bens materiais; não apenas a nutrição do corpo, não apenas a satisfação do desejo hedónico. Deveria parar de «medir» o seu sucesso ou fracasso pela abundância ou falta de dinheiro.
A sociedade fragmentou-se, não existe propriamente, de facto: existe uma colecção de indivíduos, mas solitários, mesmo quando se acoplam. Mesmo quando «convivem», não o fazem senão na superfície mais epidérmica. A sua vacuidade serve para esconder, a eles próprios, a sua tristíssima condição. Muitas pessoas teimam na ilusão pois, lá no fundo, têm medo de serem confrontadas com a sua própria vacuidade.
Uma espiritualidade, que não é sinónimo de religião, mas é outra coisa, pode ajudar a construir indivíduos, famílias e comunidades mais em harmonia consigo próprios. Só podemos realmente progredir na esfera social com uma busca colectiva, mas de proximidade. Os passos teoricamente são simples de enunciar:  
- Reconhecimento da nossa própria alienação e o assumir de que cada pessoa individual não pode, por si própria, encontrar a solução.
- Construção de comunidades intencionais, ou seja, que ponham em comum energias e projectos convergentes, para mudar qualitativamente (aqui e agora) as nossas vidas.