From Comment section in https://www.moonofalabama.org/2024/03/deterrence-by-savagery.html#more

The savagery is a losing card. By playing it the US and the West are undercutting every ideological, normative and institutional modality of legitimacy and influence. It is a sign that they couldn't even win militarily, as Hamas, Ansarallah and Hezbollah have won by surviving and waging strategies of denial and guerilla warfare. Israeli objectives have not been realized, and the US looks more isolated and extreme than ever. It won't be forgotten and there are now alternatives.
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terça-feira, 28 de setembro de 2021

[Yuja Wang] «Gretchen am Spinnrade» de Schubert / Liszt (e outras peças)

Esta transcrição pianística de Liszt, sobre um Lied muito célebre de Schubert, deve ser escutada no contexto literário que enforma a peça. Sobretudo, deve-se ler a versão original, com os versos do «Fausto» de Goethe, uma passagem em que Margarida (Gretchen) está na roda de fiar (Spinnrade).
Em cada peça [Gretchen am Spinnrade, Auf dem Wasser zu singen, Erlkönig] apresentada neste vídeo, Yuja Wang dá-nos uma interpretação leve, expressiva e totalmente adequada ao contexto emotivo/musical.



quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

ALESSANDRO MARCELLO - CONCERTO EM RÉ MENOR PARA OBOÉ E ORQUESTRA


Este universo barroco, sensual e erudito, foi tempo de ilustres amadores e de impulsivos génios. 

Desta época, inícios do século XVIII,  sobressai a dupla dos irmãos Marcello, Alessandro e Benedetto, ricos patrícios venezianos. 
Tal como Tomaso Albinoni, escreviam peças e faziam-nas executar por músicos ao seu serviço, sem necessitar de ganhar o pão quotidiano à custa da sua arte, ao contrário de António Vivaldi ou outros compositores venezianos.

Esta peça de Alessandro Marcello, muitas vezes atribuída erroneamente ao seu irmão Benedetto, é um exemplo claro da arte barroca. 
Exprime uma retórica dos afectos - a paixão, a ternura, o ódio, a tristeza, a alegria, o encanto... - com as suas equivalências musicais precisamente codificadas. Estes afectos estão expostos ao longo do discurso retórico musical, que os contemporâneos sabiam «ler». 
Para ilustrar este conceito, o célebre adágio deste concerto em ré menor para oboé, do qual J. S. Bach efectuou uma transcrição para teclado... A nostalgia e sentimento melancólico, que se desprendem do adágio, são perfeitamente perceptíveis, sendo notável a sua intensidade expressiva obtida com meios minimalistas. 

O Cantor de Leipzig gostava de homenagear os italianos, transcrevendo os seus concertos em versões para cravo, para órgão ou ainda, cravo(s) e orquestra. Foi a partir das obras mais inspiradas de Vivaldi, Albinoni, Marcello ou Torelli....que Bach construiu algumas obras suas e se apropriou do estilo italiano, que ele tanto admirava.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

VIVALDI, TRANSCRIÇÕES PARA CRAVO

               Concertos de Vivaldi, transcritos para cravo
                                      por J.S. Bach
                      


Sempre fui adepto de Vivaldi, desde que me conheço. A sua música é penetrante pela melodia endiabrada ou de pathos contido; suas orquestrações deixam-nos sempre agradavelemente surpreendidos. A sua criatividade é imensa, como imensa é a sua obra. Nunca me deixa indiferente. Tenho de confessar que a sua música foi, é, e será sempre o meu grande amor. Mesmo que não seja exclusivo, é uma espécie de âncora para nós podermos mergulhar no universo do barroco. Todos os grandes compositores tinham as suas fórmulas de sucesso. Tinham alguns processos de composição que gostavam de usar sistematicamente. O caso de Vivaldi não difere, neste aspecto, do de Haendel ou Bach. Porém, a capacidade do público erudito apreciar Vivaldi dependeu - em primeiro lugar - do renovo de interpretação da música barroca. Sem este renovo, a música de Vivaldi não soa com todo o seu brilhantismo, como uma joia que fosse encaixada em moldura de baixo valor. Só com a maturidade desse movimento de renovo do Barroco, foi possível finalmente, que o grande público honrasse Vivaldi e a sua imensa produção ao mesmo nível dos maiores génios do barroco, Haendel e Bach. A «boutade» de Stravinsky, de que Vivaldi seria «um compositor que reescreveu 555 vezes o mesmo concerto» , embora tenha piada não é apenas maldosa, é completamente injusta. Para prova da injustiça desse juízo, basta escutar a enorme diversidade estilística e temática, presente no álbum de Enrico Baiano. Este consiste em reduções para cravo de vários concertos para violino e orquestra de arcos, concertos que se tornaram muito célebres em toda a Europa. 
Muito célebres transcrições, tanto para cravo, como para órgão, fez Bach dos vários concertos aqui apresentados, pelo que o especialista poderá comparar com proveito as versões para cravo às partituras para orquestra de cordas. 
A prática da transcrição para instrumentos de tecla era comum na época barroca e foi usada por Bach como forma de assimilar o melhor da música italiana, não apenas Vivaldi, como Benedetto Marcello, Albinoni e outros mestres.
A criação barroca não estava estritamente ligada a um determinado conjunto de instrumentos: a orquestração era deixada ao sabor dos interpretes. A maioria das composições era interpretada por pequenas capelas musicais, dependentes de um príncipe, ou de um rico mecenas, mas com uma composição nada fixa. Os compositores estavam naturalmente conscientes dessas limitações e sabiam que as composições poderiam ter várias leituras, várias instrumentações, sem considerar isso uma «traição» ao espírito da obra. Assim, os baixos contínuos eram sempre improvisados, os ornamentos, das linhas melódicas solistas, muitas vezes deixados ao gosto do intérprete, que deveria doseá-los de acordo com a música e também com o instrumento solista empregue. Na ópera, o canto pressupunha, da parte dos célebres solistas, uma ornamentação elaborada da linha melódica. 
A forma concerto que foi utilizada durante mais de dois séculos, teve origem na escola italiana e em particular veneziana, dos músicos compositores/interpretes para violino. O concerto com instrumentos solistas, tornou-se depressa a forma predominante. No concerto «grosso», em que a orquestra é responsável pela peça na sua totalidade, há lugar para um «concertino», ou seja, um grupo restrito de músicos, enquanto o «tutti» tem como função formar o substrato harmónico e expor os temas principais da peça. 

Não me canso de ouvir estes autores barrocos, em especial Vivaldi. Todo o período é servido por gravações com diversos interpretes, muitos em instrumentos originais ou em cópias de instrumentos da época. Como não existe uma norma universal para interpretar Vivaldi ou Bach ou outros barrocos, podemos encontrar exemplos de gravações bastantes diferentes no pormenor, mas com igual qualidade quer estilística, quer técnica.