sexta-feira, 14 de outubro de 2016

TEXTOS SOBRE SINDICALISMO

«Enquanto houver uma crença alargada sobre a capacidade reformista de melhorar a situação dos trabalhadores, será impossível que as coisas mudem. Mas, nos dias de hoje, não há realmente nada que os reformistas possam oferecer aos trabalhadores. Apenas palavras e mais palavras. Os trabalhadores não podem esperar qualquer melhoria na sua condição, engajando-se nos becos sem saída que são as pseudo formas de luta conduzidas pelos reformistas; até mesmo quando se chamam a si próprios de “revolucionários”.
Eis a razão porque creio ser fundamental fazer uma crítica certeira das diversas lideranças reformistas, fazendo isto no seio de movimento dos trabalhadores, não em pequenos círculos auto-marginalizados.»(1) 



Traduzi recentemente um texto de um sindicalista anarquista do início do século XX,  Paul Delesalle «AÇÃO SINDICAL E OS ANARQUISTAS»
para um amigo historiador. (2)

Acho que tem interesse, pois além de ser um documento importante para se perceber o contexto da intervenção do anarquismo na luta de classes no início do século XX e sua extrema importância, menorizada pelos historiadores de escolas marxistas ou liberais, convém lê-lo numa perspectiva mais longa da História, por nós, do século XXI : vemos que existe uma continuidade histórica de políticas, de estratégias e de práticas sociais inerentes a diversas correntes no seio da classe trabalhadora. 


(2) AÇÃO SINDICAL E OS ANARQUISTAS

Por Paul Delesalle
-“Les Temps Nouveaux” – 1901 –

Conferência realizada na Biblioteca de Educação Libertária de Belleville a 17 de Maio de 1900.
  

O quotidiano crescimento em importância dos Sindicatos operários obriga-nos a encarar e sobretudo estudar qual deva ser a conduta que devemos ter em relação a estes agrupamentos e até que ponto devemos participar no seu desenvolvimento, quer aí entrando como membros, quer favorecendo a sua criação.
Toda a formação social encerra em si própria os agentes da sua metamorfose; são as próprias leis do regime capitalista que desencadeiam a destruição deste regime, pelo antagonismo de classes criado pelo modo de produção capitalista.
O regime da indústria moderna, isto é, na sua forma económica atual, tem como corolário, nas relações sociais, a organização corporativa.
O sindicato operário é o agrupamento que melhor representa a classe explorada em luta contra a avidez da classe exploradora; não há portanto motivo para contrariar este movimento de agregação em unidades operárias. Devemos, pelo contrário, nos empenhar resolutamente e impedir que a sua direção caia nas mãos de ignorantes ou de ambiciosos que o fariam desviar da sua rota revolucionária.
Obrigados a resistir à ganância capitalista, que é cada dia maior, os operários, para colocar um freio à sua exploração, agruparam-se portanto por indústria. Daqui nasceu o sindicato operário: «Associação de operários de um mesmo ofício agrupando-se para defender seus interesses materiais e morais, criando entre seus aderentes relações de solidariedade com o fim de resistir à avidez dos detentores do capital».
Mas para nós, revolucionários, a sua ação não deve parar aí; assim, vemos no Sindicato dois movimentos:
1-   Um movimento reformista «para defender os seus interesses materiais e morais», tendo em vista a satisfação de interesses imediatos, tais como o melhoramento dos salários, a diminuição da jornada de trabalho e, em geral, todas as melhorias do bem-estar do operário.
2-   Um movimento económico da classe operária contra a classe capitalista, tendo como finalidade bem estabelecida a supressão desta última e do regime que ela representa.

Tais são, na nossa opinião, ambos pontos para os quais tendem os sindicatos operários. Um movimento reformista e um movimento revolucionário tendo por finalidade mudar a forma da sociedade: a testemunha-lo pode-se ler o cabeçalho de um apelo aos operários das indústrias metalúrgicas para os convencer a sindicalizarem-se: 
«O Comité declara que o fim que persegue é a supressão completa do patronato e do salariato»

A nossa atitude face a estas duas tendências do movimento sindical é simples: demonstrar a inanidade das reformas parciais e desenvolver nos sindicalizados o espírito revolucionário.

Através dum aumento salarial, por exemplo, é-nos fácil demonstrar que se - momentaneamente - este aumento nos favorece como compradores, chega um momento em que, todos os salários tendo aumentado, inevitavelmente os produtos aumentam nas proporções idênticas e este aumento não terá servido para nada, pois teríamos mais dinheiro, mas não haveria aumento da capacidade de consumo; é, julgo, aquilo que os advogados do socialismo científico chamam pomposamente «a lei inflexível dos salários».

Irei citar apenas um exemplo: nos Estados Unidos, não é raro ver um operário ganhar 3 ou 4 dólares por dia, o que corresponde a 15 ou 20 francos da nossa moeda; apesar disso, os operários americanos não são mais felizes do que nós, as formidáveis greves de que ouvimos falar, são disso testemunho.

A nossa propaganda nos sindicatos deve portanto ter como finalidade restringir o movimento que apenas tende às reformas parciais, demonstrando a inanidade disso aos nossos camaradas de associação, sempre que a ocasião se apresenta.

Isto não quer dizer que - quando os nossos camaradas reivindicam um aumento de salário - nós sejamos opostos a isso, mas que devemos demonstrar-lhes que isto dá somente uma vantagem passageira e que deveremos recomeçar após pouco tempo, se quisermos conservar essa vantagem e ao fazê-lo estamos a favorecer o movimento sindical enquanto movimento de luta contra a classe capitalista.

A nossa posição face a estes dois elementos constitutivos do movimento sindical está assim bem definida:
1-  Demonstrar a inanidade das reformas;
2-  Favorecer o movimento enquanto elemento revolucionário.

Como acabámos de ver, se existe um agrupamento que se coloca no terreno económico da luta de classes é, sem dúvida, o agrupamento sindical. Em parte nenhuma, fora dele, o antagonismo entre empregadores e assalariados se faz sentir com mais força. Quer se queira, quer não, os interesses dos operários estão em contradição com os dos patrões e vice-versa; existe luta contínua entre estes dois elementos e, melhor do que qualquer outro, o agrupamento sindical favorece esta luta, ou pelo menos, a evoca aos seus aderentes, pois é a sua suprema razão de existir. Basta-nos como prova a frequência das greves nos últimos anos, frequência que vai de par com o desenvolvimento dos sindicatos operários.

A luta neste terreno tem, além do mais, a vantagem superior de não deixar nenhum espaço para alianças e compromissos com a classe burguesa, ou com as classes intermediárias (pequenos burgueses, pequenos comerciantes, empregados superiores), cujos interesses imediatos estão em antagonismo com os dos operários. O contrário ocorre no movimento político, onde as alianças de interesses opostos não são raras, pelo contrário. Melhor ainda, existe um antagonismo entre o movimento corporativo e o movimento político; este último, apesar de todas as tentativas, nunca conseguiu absorver o primeiro.

Conhecer as características dos sindicatos, o grau de evolução destes agrupamentos são coisas que nos devem interessar no mais alto grau, pois há aí um campo de ação que se oferece a nós. Já em várias ocasiões o efeito da nossa propaganda se fez sentir. O congresso de Londres, ao qual uns tantos camaradas trouxeram as ideias e as tendências dos grupos corporativos, permitiu evidenciar as vantagens que daí podemos retirar. Também, a campanha antiparlamentar levada a cabo pelos delegados operários nos relatos feitos após o seu regresso de Londres, não teve pouca importância.

Na atualidade, o antagonismo entre políticos – para os quais a conquista do poder é a panaceia suprema – e os sindicalistas (como alguns os chamam, com desdém) defensores duma transformação da Sociedade, preconizando como meio a «greve geral» - que apenas é, na realidade, a nova forma da revolução, bem apropriada ao regime industrial moderno – mostra-nos que podemos extrair vantagem, para as nossas ideias, do movimento puramente operário dos sindicatos.

Ao contrário da luta eleitoral e política, que se acende apenas periodicamente, a luta contra a avidez patronal é de todos os dias, mantendo os indivíduos constantemente aguerridos e – ponto muito importante – não necessitando nem de chefes, nem de deputados para as tarefas em que todos são convidados a tomar parte ativa, enquanto na luta política eleitoral é, quanto muito, de quatro em quatro ou mais anos que o indivíduo é chamado a exercer a sua soberania, e nós sabemos que soberania é essa, afinal.

Estas são vantagens inegáveis do movimento económico em relação ao movimento político, o indivíduo toma parte ativa nele, sem necessitar de intermediários. Os nossos políticos profissionais tinham bem a noção disso, tal como Jaurès o queria fazer recentemente, pois tentam relegar a luta económica para segundo plano, quando – pelo contrário- a importância do movimento económico é tudo, e a do movimento político, nada.

As revoluções foram eficazes na medida em que foram económicas, as revoluções políticas apenas mudaram a forma de governo sem mudar de qualquer maneira as bases da Sociedade, e sem afetar de algum modo as condições de vida do operário.

À parte as reformas – as quais, como penso ter demonstrado atrás, servem quanto muito para enganar durante algum tempo aqueles em cujo nome elas são efetuadas, os quais não tardam a percebê-lo – o objetivo perseguido pelos sindicatos é – portanto- um objetivo revolucionário que não pode ser alcançado senão por meios revolucionários (greve geral ou outros), o fim último sendo a abolição da exploração do homem pelo homem, mas – é preciso confessá-lo – com uma tendência, por vezes, a um ‘Quarto Estado’ coletivizado (teoria coletivista).

Pois não deveríamos nos enganar a nós próprios, fingindo ou querendo convencer outros, de que todos têm em vista a abolição da sociedade capitalista, de que todos apenas esperam a sua emancipação através de uma sociedade comunista libertária. Muitos, apenas têm como ideal um comunismo autoritário ou coletivismo, convencidos, apesar de todos os fracassos, no papel do Estado Providência. Não irei aqui alongar-me sobre o Estado produtor e dispensador de toda a riqueza; se somos inimigos da centralização capitalista, não podemos sê-lo menos da centralização socialista; sermos governados por Jules Guesde ou P. Lafargue, não nos agrada mais do que sermos governados por Waldeck-Rousseau ou por Méline, pois nós não queremos, de modo nenhum, ser governados.

Esta tendência pela transformação da sociedade, que possuem os sindicatos, não deixa de ser uma tendência revolucionária. E, por outro lado, se a transformação da sociedade é possível através do agrupamento puramente económico, demonstra-se assim a perfeita inutilidade de uma direção puramente política.

Outra vantagem dos sindicatos, e não das menores, é que estreita os laços de solidariedade entre membros da classe operária e isto, não apenas no mesmo local de trabalho, na mesma cidade, no mesmo país, mesmo, por vezes, por cima das fronteiras.

Lembremos o que foi a Internacional, esta vasta associação de operários de todos os países tendo um fim comum: o derrube da burguesia capitalista. Era este o seu internacionalismo prático e os nossos adversários, os burgueses, compreenderam-no tão bem que se puseram de acordo, entre eles, para quebrar a internacional operária, tentando contrariar assim um futuro que esperamos próximo.

O sindicato tem ainda como vantagem o facto de, ao agrupar membros cujos interesses são comuns, não existirem antagonismos como os que se observam nos movimentos políticos, que estão sempre a dividir os operários em questões envolvendo pessoas ou tendências, como vemos agora no seio do Partido Socialista francês.

Ao mesmo tempo que a atividade no terreno económico demonstra a completa inutilidade do movimento político, prepara perfeitamente para o entendimento entre grupos de produtores, para o dia em que estes estiverem em condição de se tornarem donos dos seus instrumentos de trabalho. Que agrupamento afinal estará capaz de garantir a produção e de fazer face às necessidades do consumo no dia seguinte à revolução, senão o agrupamento corporativo?

Pois, quando falam de revolução, alguns parecem esquecer que é necessário garantir o consumo no dia seguinte ao seu triunfo. Se estiver agrupada corporativamente, será fácil à classe operária assegurar essa produção. É o que esperamos que ela faça. Esta evolução dos sindicatos operários será tanto mais rápida quanto nós a encorajarmos e favorecermos, pela nossa propaganda.

Não posso fazer melhor do que citar aqui o nosso camarada Pelloutier, secretário da Federação das Bolsas do Trabalho. Ele também está convicto de que os sindicatos serão embriões dos grupos de produtores do futuro.

«Entre a União corporativa que se constrói e a Sociedade comunista e libertária no seu período inicial, existe concordância.
Queremos que toda a função social tenda à satisfação das nossas necessidades; a união corporativa também o quer, é o seu objetivo, e cada vez mais, se emancipa da crença numa necessidade em haver governos. Nós queremos uma aliança livre dos homens; a união corporativa (ela está a perceber isso melhor a cada dia que passa) não pode existir senão com a condição de banir do seu seio qualquer hierarquia e constrangimento. Nós queremos que a emancipação do povo seja obra do próprio povo: como o quer a união corporativa. Cada vez mais se sente a necessidade de tratarmos nós próprios dos nossos interesses, o gosto da independência e desejo de revolta aí germinam; sonha-se aí de locais de trabalho livres onde a autoridade daria lugar ao sentimento pessoal do dever; emitem-se opiniões, com largueza de espírito, sobre o papel dos trabalhadores numa sociedade harmoniosa. Em resumo, os operários, depois de terem julgado que estavam condenados ao papel de meros instrumentos, querem ser inteligência para que possam ser ao mesmo tempo inventores e criadores das suas obras». (1)

Inicialmente construídos para o socorro mútuo em caso de doença ou de desemprego, aumentaram cedo as suas atribuições ao tomarem o papel de grupos de conciliação nos conflitos entre o capital e o trabalho. A burguesia patronal, ainda hoje, não desejaria ver neles outra coisa.

Agora entraram em pleno na luta. Os trabalhadores impõem a força da sua organização para resistir à avidez capitalista, que cresce diariamente, quer para recusarem diminuições de salários ou, pelo contrário, exigirem melhor remuneração, uma diminuição das horas de laboração ou todo o género de reivindicações que venham melhorar a sua condição. Além disso, sem ter perdido as suas características iniciais, os grupos corporativos, solidamente constituídos, encaram o futuro próximo, enquanto embriões dos grupos livres de produção vindouros. Tarefa que não pode ser mais ampla e na qual bem nos sentimos tentados em participar.

Certamente, ainda têm de evoluir, mas estamos convencidos de que é do movimento operário que sairá a próxima revolução, sob forma de Greve Geral, ao que parece. Somos nós, portanto, se não queremos que a revolução se transforme mais uma vez num vasto logro, que temos de fortemente impregnar, transformar mesmo, estes grupos corporativos de acordo com as nossas ideias.

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(1) A Organização Corporativa e Anarquia, p.17-18

Temos, a todo o custo, que impedir que este movimento seja açambarcado pelos partidários do ‘Quarto Estado’, por esses falsos amigos, que são Jaurès, Millerand, Guesde, etc. os quais sonham expropriar e expulsar a burguesia, em nome de uma ditadura do proletariado, sendo eles os ditadores.


De mutualista, o movimento sindical transformou-se depressa num movimento de reivindicações imediatas ou movimento reformista (aumento dos salários, duração da jornada laboral, etc…) Ele tornou-se hoje em socialista e revolucionário; muitos camaradas nossos, que nele participaram, impregnaram-no, orientaram-no em direção às nossas ideias. Apliquemo-nos então a desembaraçá-lo completamente das fórmulas antigas, a torna-lo comunista e anarquista.

Apenas nos resta refutar as numerosas objeções que são feitas à nossa participação no movimento sindical. Não procurarei eludi-las, pelo contrário, tentarei responder antecipadamente às principais.

Muitos camaradas nos fazem, com alguma aparência de razão, o mesmo reparo que nós anarquistas fazemos em relação aos partidários da propaganda eleitoral e parlamentar. É de temer dizem, que – a exemplo do socialismo parlamentar – a agitação sindical perca de vista o fim de transformação da sociedade, que não seja mais que um movimento reformista.

O sindicato, dizem eles também, apenas tem sucesso na hora presente porque agrupa os trabalhadores com vista a obter benefícios imediatos. Ninguém me verá dissimular estes argumentos, os quais – reconheço - são tantas vezes, infelizmente, verdadeiros.

Em vez de objetar a estes argumentos, válidos em si mesmos, vejo que são afinal excelentes razões para nós entrarmos e criarmos um movimento anarquista no seio do movimento sindical. Ao repudiarmos o papel meramente de obtenção de vantagens imediatas e ao demonstrar a sua inanidade, estaremos a imprimir ao movimento um caráter mais conforme com as nossas próprias ideias.

Outra objeção que se pode fazer - a que não deixo de dar o devido valor – é de que não é preciso formar sindicatos para agrupar operários num plano revolucionário: pelo contrário, o agrupamento corporativo tem tendência a ocupar-se de interesses exclusivamente corporativos. Assim, muitos indivíduos na nossa sociedade têm sido rejeitados sistematicamente das profissões qualificadas devido ao desenvolvimento constante do maquinismo, formando assim um autêntico exército de reserva e não podem entrar em nenhum sindicato. São esses indivíduos que têm maior interesse imediato numa revolução e na transformação da sociedade capitalista. Nada impede de agrupar esses indivíduos no terreno revolucionário onde a nossa propaganda os poderá alcançar mais plenamente. Estivemos sempre empenhados nisso, embora -pessoalmente- tenhamos constatado, com mágoa, todas as dificuldades em agir nesse setor. Muitos outros camaradas também tentaram e regressaram amargurados. Todo este exército de desempregados, de vagabundos, de marginais, é - na realidade - muito difícil de alcançar. Gente que vai pedir esmola em instituições laicas ou religiosas e espero sinceramente que os camaradas que exercem o seu esforço nesse lado tenham mais sucesso do que eu próprio.
Digo isto, constatando que existe uma força real, a qual - num dado momento- é preciso saber integrar na luta.
O ideal seria, sem dúvida, um agrupamento exclusivamente revolucionário; os grupos que tentamos erguer são uma prova de que - enquanto anarquistas - não permanecemos inativos. Mas, dado que existem outros agrupamentos cujos indivíduos não vêm até nós. Não deveremos nós ir até eles? O nosso lugar não estará em todo o lado onde haja propaganda a fazer, indivíduos a trazer para o nosso lado, e não será – melhor que qualquer outro agrupamento- o sindicato um excelente terreno de propaganda? A pouco e pouco, ele evolui e emancipa-se, já não sendo, como tentei demonstrar, um agrupamento de interesses corporativos e de reivindicações imediatas; já vê mais além, até incluindo a visão duma sociedade melhor. Isto é também aquilo que desejamos todos.

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Também graças aos sindicatos os operários de vários países aproximaram-se, aprenderam a conhecer-se, federações internacionais de profissões ou de indústrias foram criadas e vivem. Isto é internacionalismo prático. As relações por cima das fronteiras irão mostrar-lhes depressa que a exploração não tem limites e que é a mesma em todo o lado. Também a nossa propaganda tenta mostrar isso. É sobre estas aproximações, sobre estas simpatias, que aproximam todos os explorados, que devemos mais contar. A partir do momento em que todos terão compreendido que a exploração é de mesma natureza aquém e além-fronteiras, o capitalismo não terá muito tempo de vida.

Por fim, nós - enquanto anarquistas- podemos impedir que o movimento sindical caia nas malhas de uma organização autoritária ou que promova a criação de uma aristocracia operária.

Por todas estas razões, devemos resolutamente participar na ação sindical e por incessante propaganda demonstrar aos nossos camaradas de sindicato que a nossa emancipação completa apenas pode resultar de uma:
                        Revolução
                                    Internacional,
                                               Comunista e Anarquista.


                                                            Paul DELESALLE

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

FILOSOFIA NATURAL?




A filosofia sempre me fascinou. Embora não me considere um filósofo, tenho alguma formação e, sobretudo, tenho-me interrogado sobre os processos cognitivos, sobre os afetos também, quer como biólogo, como professor ou como pessoa que interage e troca com os outros, seus semelhantes. 



Mas, desdenho as abordagens demasiado estruturadas, codificadas, em linguagem hermética. Não que seja impossível compreendê-las. Porém, as mais das vezes, faz-se um esforço para compreender o que o autor de um «sizudo» tratado filosófico quer dizer... e chega-se à conclusão de que o resultado não merecia o esforço. Igualmente, os filósofos de «modo de vida», que aparentam possuir afinidades com o meu pensamento, na maior parte dos casos não as possuem, pois se limitam a reforçar os lugares-comuns das massas, tendo assim venda assegurada dos seus livros. 

Mas é verdade que precisamos de filosofia como de «pão para o pensamento». Sem ela, será realmente impossível aprofundar as coisas importantes da vida - a própria vida, o amor, a amizade, o poder, a justiça, o espírito... 

Muitas vezes encontro mais poesia nos textos ou imagens que não têm a pretensão de ser «poéticos». O mesmo se passa em relação á filosofia.
Por exemplo,  Alvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro, junto com Fernando Pessoa, formam um quarteto de poesia filosófica, onde nos podemos sempre nutrir, onde nos podemos refrescar e curar das banalidades que invadem o nosso universo mediatizado.

A filosofia natural é praticada, estudada e aprofundada em múltiplas sociedades, épocas e civilizações. Porém, não é reconhecida sempre como tal. Por exemplo, a corrente conhecida por Taoismo é mais uma filosofia do que uma religião; tem como pontos centrais um estar dentro dos processos naturais, aceitar o mundo tal como ele é, não desprezar as energias que moldam o Universo, mas fazer tudo em obediência com esse Todo. 
A Filosofia Natural do Ocidente surgida, em grande parte, no seio das correntes materialistas dos séculos XVI-XVIII, mas também das correntes espirituais, deu-nos muita abertura para pensar o Mundo em moldes não estáticos, em dar o primado da experiência na busca da verdade, por fim reconhecendo na Natureza uma Mestra, que se deve seguir, por Ela nos dar as melhores soluções para os nossos problemas. 

A Filosofia Naturalista opõe-se ao racionalismo puro e duro, que deriva tudo de proposições matemáticas, chegando ao ponto de demonstrações da existência de Deus e outros absurdos. Não que seja absurdo postular a existência de Deus, entendamo-nos. Considero absurdo uma DEMONSTRAÇÃO dessa existência. 

No século XXI multiplicam-se os sinais de um renovo da Filosofia Natural, colocando a tónica numa filosofia como base e guia para a sabedoria. A vocação da filosofia está mais do lado da sabedoria do que do conhecimento científico, embora seja indispensável uma reflexão filosófica no âmago da pesquisa científica e uma reflexão sobre os resultados dessa pesquisa. 
A Filosofia Natural pode e deve estar em harmonia com os conhecimentos científicos, não os repudia, não os pretende «superar». 
Ela apenas tenta compreender a Natureza por dentro, na esperança de encontrar aí um guia para como conduzir a vida do próprio ser pensante. 
Pragmaticamente, pode ir buscar inspiração à Natureza para soluções tecnológicas que são aplicadas neste ou naquele domínio prático. 
Mas a filosofia da natureza vai muito além dessa «cópia» do natural, vai tentar estar em harmonia com a Natureza, vai tentar inserir-se harmoniosamente nos ciclos naturais.

O culto da Divina Natureza é, por vezes, algo limitado a Ela própria, como não existindo nada para além Dela (versão materialista) ou por vezes, é encarado como a expressão duma Divindade Cósmica, duma manifestação ou expressão da Divindade, mesmo como corporização do Divino.

Em ambos os casos, tem-se uma atitude de respeito para com o Mundo Natural e que, quanto mais não seja, se torna essencial para salvaguarda da vida e da saúde do nosso Planeta.

Sabemos como é frágil o ecossistema global, como o ser humano tem inflingido terríveis golpes nos equilíbrios naturais, mas ainda sem afetar de forma irreversível a possibilidade da recuperação da saúde do Planeta e dos Humanos que nele habitam. 



A Filosofia da Natureza, em todas as suas variantes, constitui um caminho sensato, pois se revela indispensável à sobrevivência de todos nós.


terça-feira, 4 de outubro de 2016

O QUE TENHO EU A VER COM O «DEUTSCHE BANK»???

- DEUTCHE BANK EM DIFICULDADES E PROVAVELMENTE INSOLVENTE... 
O QUE É QUE EU TENHO A VER COM ISSO? EU NÃO TENHO NEM UM CÊNTIMO NO «DB»! JÁ ESTOU A OUVIR AS VOZES DALGUNS, TENTANDO TRANQUILIZAR-SE E FAZEREM FIGURA DE «VALENTÕES», QUANDO SE LHES ANUNCIA QUE ESTA ECONOMIA DE CASINO ESTÁ À BEIRA DO COLAPSO.
PORÉM, ELES NÃO TÊM NENHUMA RAZÃO PARA SE VANGLORIAR, POIS O CENÁRIO DE UMA DERROCADA COMPLETA DO SISTEMA BANCÁRIO EUROPEU E MUNDIAL É MAIS DO QUE UMA HIPÓTESE. JÁ ENTROU NO DOMÍNIO DAS CERTEZAS MATEMÁTICAS, DEPOIS DE DEIXAR DE FIGURAR NO ÂMBITO DAS CONJETURAS.

- O QUE TEM O «DB» A VER COMIGO? POIS TEM TUDO, VISTO QUE É O MAIOR BANCO EUROPEU. ELE DESDOBRA OS SEUS TENTÁCULOS EM MÚLTIPLAS DIREÇÕES, SENDO CONTRAPARTIDA, ATRAVÉS DE DERIVATIVOS, DE ALGO COMO DEZANOVE VEZES O PIB DA ALEMANHA
A IMAGEM DO CASTELO DE CARTAS NÃO PODIA SER MAIS APROPRIADA. 
O «BD» FOI SALVO DA DERROCADA IMEDIATA, NA SEMANA PASSADA, ATRAVÉS DE UM BOATO LANÇADO A PARTIR DO TWITTER, SEM BASE ABSOLUTAMENTE NENHUMA. ESTRANHAMENTE -OU TALVEZ NÃO - ESSE BOATO FOI ACRITICAMENTE RETOMADO NOS SITES E JORNAIS FINANCEIROS «RESPEITÁVEIS». 
UM COLAPSO DAS AÇÕES DO «BD» DE MAIS DE 10% NO ESPAÇO DE MINUTOS FOI ASSIM REVERTIDO IN EXTREMIS. É POSSÍVEL QUE TAL MANOBRA TENHA SERVIDO PARA RESGATAR AÇÕES DE «HEDGE FUNDS», OU DE OUTROS GRANDES INVESTIDORES. O CERTO É QUE A SITUAÇÃO INCERTA DO «BD» ESTÁ A MINAR TODO O TECIDO DA FINANÇA MUNDIAL, QUE NÃO TEM ILUSÃO SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA FALÊNCIA DO GIGANTE. AS FRASES TRANQUILIZADORAS E AS DECLARAÇÕES DE MERKEL EM COMO «NÃO HÁ LUGAR PARA UM RESGATE», APENAS ESCONDEM O DESESPERO DE UMA CASTA POLÍTICA, ALIADA A UMA CASTA FINANCEIRA, AMBAS SEM A MÍNIMA IDEIA SOBRE O QUE FAZER PARA INVERTER O CAMINHO DE DEPRESSÃO PROFUNDA EM QUE SE ENCONTRA A ECONOMIA EUROPEIA E MUNDIAL. 
AS PESSOAS DEVEM TOMAR MEDIDAS AGORA, PORQUE UM PÂNICO NOS MERCADOS FINANCEIROS SERÁ SEGUIDO, DE IMEDIATO, POR UM CONGELAMENTO DE TODA A ESPÉCIE DE OPERAÇÕES BANCÁRIAS. HÁ INDICAÇÕES DE QUE EXISTE POR DETRÁS DA CENA UM «BANK RUN», MAS DO QUAL NÃO SE NOTA NADA AO NÍVEL DA «RUA», POIS VERIFICA-SE APENAS UMA RETIRADA MASSIÇA DO GRANDE CAPITAL, INVESTIDO EM DIVERSOS ATIVOS FINANCEIROS MAIS EXPOSTOS. ELES IRÃO FAZER TODO O POSSÍVEL PARA MANTER ADORMECIDAS AS MASSAS, ATÉ ESTAREM COM O SEU DINHEIRO EM «PORTOS SEGUROS» E ENTÃO, DEIXARÃO IMPLODIR O MONSTRO, DEPOIS DE LHE TEREM EXTRAÍDO GRANDE PARTE DAS ENTRANHAS.
APROVEITARÃO ESTA OCASIÃO PARA CRIAREM  UMA SITUAÇÃO DE «ESTADO DE SÍTIO», EM QUE NÃO HAVERÁ POSSIBILIDADE DE O COMUM DOS MORTAIS MOVIMENTAR AS SUAS CONTAS BANCÁRIAS MAIS OU MENOS LIVREMENTE, ONDE SERÁ RACIONADO O ACESSO AO DINHEIRO FÍSICO ATRAVÉS DE CAIXAS DE DISTRIBUIÇÃO DE NOTAS (COMO FIZERAM NA GRÉCIA E EM CHIPRE).
APÓS ESTA FASE DE CHOQUE, IRÃO IMPOR UM NOVO SISTEMA MONETÁRIO, DESENHADO POR ELES E FAZENDO COM QUE NÓS, OS CONTRIBUINTES, SEJAMOS POSTOS A CONTRIBUIR FORÇADAMENTE, ATRAVÉS DUMA DESVALORIZAÇÃO (DE 20 A 50%) EFETIVA DA MOEDA (DÓLARES, EUROS, LIBRAS, ETC...), PARA QUE SEJA INSTAURADO O NOVO PADRÃO MONETÁRIO. ENTRETANTO, E GRAÇAS A ESTE «RESET», UMA SÉRIE DE DÍVIDAS SERÃO APAGADAS - COMO QUE POR ENCANTO-  E ISSO SERÁ UM ALÍVIO PARA GRANDES DEVEDORES. ENTRE ELES, OS ESTADOS, RAZÃO PELA QUAL ELES ESTÃO DE ALMA E CORAÇÃO CONIVENTES NO TAL «GREAT RESET». 
AS REFORMAS DOS PENSIONISTAS E OS ORDENADOS DOS FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS NÃO ESTARÃO NUNCA «EM RISCO», SOMENTE O PODER DE COMPRA DE AMBOS FICARÁ REDUZIDO NA PERCENTAGEM QUE FOR PRECISO, PARA AS GRANDES FORTUNAS E OS ESTADOS QUE NOS OPRIMEM PODEREM CONTINUAR A FAZÊ-LO.

ESTE É O CENÁRIO PROVÁVEL, COM MAIOR OU MENOR VARIAÇÃO  NO PORMENOR. 

É ESTE O SIGNIFICADO DE UM COLAPSO DO «DB». SE SOUBER QUE JÁ TERÁ OCORRIDO, QUANDO ESTIVER A LER ESTA NOTÍCIA DE BLOG, ISSO SIGNIFICA QUE, NESSE MOMENTO, JÁ SERÁ TARDE DEMAIS.

QUAL É O PROPÓSITO DA VIDA?


Muitas pessoas devem ter sofrido quando se interrogaram sobre o propósito de sua vida, tal como eu me interroguei, durante décadas…
Uma pergunta aparentemente tão simples, mas capaz de confundir as pessoas porque elas teriam de esmiuçar tudo o que pode ser relevante numa resposta exaustiva, ou, pelo contrário, apenas encontrar uma palavra, um conceito mágico, que exprima a essência do que seria o propósito da sua vida.
Mas eu libertei-me dessa questão, não me deixarei jamais encerrar na armadilha retórica.  
Talvez este problema não vos afete, de modo nenhum, leitor. Neste caso, apenas tereis de ler este texto como algo curioso que descreve fenómenos psíquicos noutros seres humanos. Tenho de felicitá-lo pelo feito, porém. 
Até agora, todas as pessoas que tenho tido oportunidade de conhecer a um nível mais profundo que o superficial, sentem-se incompletas, sentem-se não realizadas, sentem que haverá algo como uma misteriosa missão que devem cumprir para ficarem em paz.
Mas… se fosse tudo uma espécie de imposição autoritária do nosso super ego? Se elas fossem arrastadas a pensar que tinham de ter objetivos pela simples razão de que as pessoas comuns se «entretêm» com isso e aceitam a escravidão assalariada (ou outra) de bom grado, pois aí encontram o tal propósito? Será que nós somos feitos para desempenhar este ou aquele papel na sociedade, aquele que corresponderia à nossa «vocação»? Ou seremos antes seres com um imenso campo de possíveis, o qual se vai estreitando ao longo da vida, desde muito cedo, para que, por fim, nos pareça razoável ou mesmo lógico que nos entusiasmemos com determinada rotina que nos impõem ou que impomos a nós próprios, convencidos de que escolhemos, de que fazemos –nós- o próprio destino, etc.?
É incómodo e politicamente incorreto dizer-se que afinal, não temos objetivos, propósito, metas, fins a alcançar; que viver é um ato sem necessidade de justificação. Ele justifica-se a si próprio. Por que razão precisamos de nos convencer de que existimos para nós próprios? Deve-se compreender «nós próprios» como não-delimitado pela fronteira da nossa pele. É muito arbitrário estabelecer aí os limites, como se o nosso ser existisse a partir de e para dentro dessa fronteira da pele. Aquilo que chamamos «nós», inclui a teia das nossas relações sociais, a própria organização social mais vasta, sem a qual não poderíamos subsistir.
Quem nos quer inculcar essa ideia peregrina de «objetivo», de «propósito» na vida, talvez esteja cheio de boas intenções, porém está a fazer o jogo dos que nos dominam e nos exploram. Estes é que beneficiam das algemas que colocamos a nós próprios. Tal coisa só se torna possível como um mecanismo de denegação. Recorremos à dissonância cognitiva permanente para nos mantermos sempre dentro do medíocre emprego que nos proporciona o «pão quotidiano». Não sabemos esconder de nós próprios, de outro modo, a infelicidade: damos um propósito mais ou menos «nobre» à escravatura do trabalho, até fingindo prazer, satisfação, realização pessoal, para não sermos confrontados com uma realidade demasiado deprimente.
Eu percebo agora que não é necessário o homem livre ter qualquer projeto de vida ou propósito ou vocação. Ele determina-se a fazer algo, quer no momento, quer no médio ou longo prazo, somente de acordo com a sua vontade. Ele está ciente da realidade e a sua existência: confronta-se com a realidade, não a esconde e não se submete passivamente. Se ele estiver nesta postura, não será sempre feliz, mas terá momentos de plenitude, pois será capaz de se autodeterminar e de alcançar o que deseja. Caso não o consiga, está capaz de avaliar as razões de não ter obtido o resultado pretendido e modificar-se a vários níveis, modificando assim também as condições do seu entorno.
Esta pergunta «qual é o propósito da vida?» é bastante trivial afinal de contas. Deve ser desconstruída, pois nós sabemos que a vida vale por si própria; que os seres vivos são todos dotados de instinto vital; que, portanto, a vida é a finalidade última dela própria… não precisamos de falar de busca da felicidade, nem de harmonia, ou de plenitude… Basta dizermos que o próprio viver é que se autojustifica.
Julgo ter demonstrado a inutilidade de toda a infelicidade e angústia associadas a esta questão. Não apenas a questão costuma ser mal colocada, como nos distrai do que conta verdadeiramente.

Quais são os nossos valores legítimos, aqueles que nós próprios construímos, que assumimos como integrando a nossa ética? Essas sim, são questões relevantes para a condução da nossa vida, que nós devemos colocar e responder tentativamente nas várias etapas da nossa existência. São perguntas cuja resposta obriga o indivíduo a situar-se no campo dos valores. Valores esses que a si próprio atribui, conscientemente, como escolha amadurecida. No ambiente social que o rodeia poderá haver concordância ou não com esses valores, porém a sua autodeterminação prevalece, não se deixará subjugar pelos tiques e pelas modas que observa nos outros. Um indivíduo assim é rico interiormente, independentemente de sua riqueza material. Como é dono de si próprio, não será subjugado completamente, mesmo que tenha de sujeitar-se a algum sacrifício para poder sobreviver. Poderá mesmo assim ser escravo, talvez, mas com uma consciência de homem livre. Um homem assim, não será inteiramente escravizado e não perderá a oportunidade de romper as grilhetas da sua sujeição.  

domingo, 2 de outubro de 2016

PUBLICIDADE, UNIVERSO SIMBÓLICO E «ADBUSTERS»



                          Este vídeo é uma palestra virtual para III Jornada de Psicologia: saúde mental e práticas profissionais, promovida pelo curso de Psicologia da Faculdade Guaicará, em Guarapuava, no Paraná.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

DEBATE «25 ANOS DA QUEDA DA URSS» NA FÁBRICA DE ALTERNATIVAS

                  25 Anos da queda da URSS

Pelas 18:30 de Sábado, dia 1 de  Oubruro de 2016. 

Entrada livre. 

Haverá um jantar vegetariano a seguir [inscrição para o jantar até 30-09]

 email: fabrica.de.alternativas@gmail.com 


A Fábrica de Alternativas já é conhecida de muitos pela qualidade de seu trabalho em prol de uma cultura descomprometida com os poderes, feita em autogestão e cooperação entre todos os elementos da comunidade e aberta a todas as boas-vontades, independente - portanto-  de agendas partidárias e políticas. 

Penso que este conjunto de características permitirá um debate sereno e rico sobre assunto da mais vasta consequência na História contemporânea, com repercussões nas vidas de todos nós, até ao presente. 
Podemos debater sem preconceitos, nem desejos de afirmação dos egos, apenas com a vontade de partilhar e escutar. Assim também estaremos todos construindo uma cultura de diálogo e tolerância. Todas as opiniões são livres de se exprimir, desde que se exprimam dentro dos limites da cortesia e do civismo. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

[Joan Baez] There But For Fortune + So We'll Go No More A-Roving



... E surgiu uma voz que iluminou os palcos, mas sobretudo os espaços livres, os espaços públicos.
Era uma voz aguda, cristalina, sem afetação, com a segurança e expressividade de alguém com perfeita formação vocal. 
Em 1964-65 era simplesmente outra coisa, não era folk, não era clássico, não era blues, nem pop. Era simplesmente Joan Baez. 

Surgiu, como por encanto, na minha vida, como na vida de muitos milhares de jovens dos anos sessenta. Sempre me acompanhou na minha vida, o disco agora reproduzido; pelo menos, na minha memória auditiva. 



[Fui buscar à Poetry Foundation a  balada de Lord Byron, parece-me que é uma versão ligeiramente diferente da cantada pela Joan Baez, mas gosto de ambas!]

So We'll Go No More a Roving

Related Poem Content Details

So, we'll go no more a roving 
   So late into the night, 
Though the heart be still as loving, 
   And the moon be still as bright. 

For the sword outwears its sheath, 
   And the soul wears out the breast, 
And the heart must pause to breathe, 
   And love itself have rest. 

Though the night was made for loving, 
   And the day returns too soon, 
Yet we'll go no more a roving 
   By the light of the moon.